2009: Ficamos entre os 100 do Top Blog

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Für Regine..


Quando alguma coisa não está bem no presente a memória vem, o passado volta e a gente se sente novamente com 15 anos, como se fosse perfeitamente possível um túnel do tempo..
Lembro-me de coisas peculiares como: A Rua Dr. Rocha Novaes, cheia de crianças (nós), que vivia cheia de barulhos diversificados e que agora se tornou grande demais porque o mais novo de lá tem 35 anos e não mais se aventuraria em um jogo de queimada.
Lembro-me da minha irmã Regine, que faleceu aos 27 anos em 1979, vítima de uma infecção cardíaca. Ela era uma pessoa verdadeiramente boa, muito ingênua e nunca a vi brava. Ela me adorava, porém não tínhamos muita paciência com ela e hoje, ao menos à mim, isso custa muito. Eu tinha uma certa inveja dela porque, como ela estava doente, recebia muitos carinhos. Quando ela se foi, ninguém aceitou. Por alguns momentos, eu também desejei estar doente para ter tratamento vip, mas depois acho que cai na real.
Na época, eu gostava muito de ler o livro de José Mauro de Vasconcelos, "Meu pé de laranja lima", não que a situação fosse a mesma, mas o Zezé também não podia fazer nada que logo lhe vinham culpas e culpas...
Nunca me pareci espiritualmente ou psicologicamente com os membros de minha família. Não era a ovelha negra, mas sempre soube que haviam diferenças profundas, ao menos na forma de pensar.
Para começar minha cabeça tornou-se uma bagunça pois meu pai era alemão e minha mãe é mulata. As raças se misturaram na pele. Assim, sempre me senti múltipla.
Quando somos produto de uma mistura, parece que temos que escolher um lado, não obstante, sabemos que não existe lado.
O que sempre pegou com a minha família foi mesmo a substancial diferença de pensamentos e objetivos. Dai tentei manter o que eu pensava e o preço disso foi a indiferença deles. Só vejo minha mãe, que mora a 35 km daqui, quando vou lá, a cada 15 dias e nem ela, nem eles, me visitam aqui.
Bem, já lamentei essa situação e admiro quem tem uma daquelas famílias Sicilianas, que tomam um porre juntas, que brigam e se defendem, mas hoje, minha família vital são meus dois filhos como meus três cachorros. Estão sempre comigo (não sei se é por limite da dependência mas é bom). Quando abro os olhos de manhã são as primeiras coisas que procuro e sem eles, sei que não haverá mais dias..

segunda-feira, 27 de abril de 2009

One day I said: Come back to me, please !

O amor é coisa estranha, a gente afirma que sente, afirma que morre por ele, mas nunca sabe ao final, se ele é memória do que sobrevive da paixão ou uma fórmula para a felicidade que sempre acreditamos que iríamos possuir..
Quando o questionamos talvez seja porque nunca o sentimos à altura do que ele é.
Há muito tempo atrás eu tive uma paixão furiosa, daquelas de fazer a gente emagrecer, endoidecer como todas às que se referem ao sexo oposto ..
Eu jurei que era amor e que permaneceria sempre aquela representação do Ser amado junto de mim..Na época não pude viver tal intensidade pois haviam inúmeros impedimentos como o casamento dele. Posso ter cometido substanciais erros, mas sempre soube que não se tira doce da boca de ninguém e que todas as nossas ações, nesse sentido, nos retornam em cobranças, tal é a implacável justiça divina e universal ..
Devido à essa paixão me mudei de cidade, de amigos e tornei meu caminho triste por um tempo..
O tempo é um milenar remédio, não cura, mas diminui muito os efeitos do que nos fere e aos poucos nos tornamos imune a esse tipo de dor..
O mundo é tão grande, porém, antagonicamente, todas as minhas ex paixões sempre retornam de alguma forma, quando já estou em outra história e quando isso ocorre a impressão é que o bombom de chocolate perdeu o licor..
Ontem essa paixão reapareceu através do Orkut e me fez repensar na força com que ela me sugou e se ainda tinha força para me tirar o chão. Descobri que não tinha mais força alguma, salvo da beleza física que eu ainda vi nessa pessoa, mesmo 14 anos depois..
As vezes tenho a sensação de já ter vivido tudo que eu queria e poderia, tenho a certeza, que nada mais de novo virá, principalmente no campo dos sentimentos. Isso dever ser mal da idade.
Por muito tempo lamentei a solidão, a amaldiçoei com minha força de wiccae, porém, ela parece ter se tornado minha amiga..É horrível estéticamente esse tipo de conformismo, mas como impedi-lo?
Tive outras paixões embora não tão vivenciadas, acho que idealizei mais do que vivi e me esqueci que as outras pessoas também idealizavam outras metades..Esse é o transtorno não me julgo mais uma metade e sim uma "inteira".
Atualmente partilho experiências com um parceiro que é belo, inteligente e diferente. Tudo que sonhei e eu e ele sabemos que estamos enfrentando uma espécie de incapacidade de se ter paixões..
Será que antigas noites de choradeira, de dor de cotovelo me tornaram apenas um operário no mundo? Todavia, eu e meu cúmplice sentimental já estivemos separados e também não éramos felizes..O costume de convivermos nos cativou.
Eu gostaria de poder sentir aquela sensação de frio na barriga. Ainda e peço aos céus para que meu tempo não tenha acabado nesse sentido..Gostaria de voltar a sacrificar partes de mim nessa empreita..
Não sei ainda o que é o amor embora possa estar sentindo-o, pois ter experiência e estar convivendo com alguém, no fim pode ser amor. Enfim, essa é a minha esperança, mesmo que eu ignore, quero estar sentir o amor..

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sensações


As vezes tenho sensações estranhas e ruins como agora. Sei que muita gente tem isso e não entendo porque temos isso. Quando isso ocorre geralmente não chegam notícias boas. É como se fosse um aperto dentro do Ser. Uma sensação que foge ao racional e parece que tem a ver com energias que estamos constantemente trocando com o ambiente...
Não gosto de sentir isso e não queria sentir..Por outro lado, é estranho como somos sempre "avisados" de tudo à nossa volta...
Pode ser que alguém esteja com raiva de mim. É possível sentir a raiva dos demais, todos sentem, só não conseguem relacionar.
Provavelmente, de profetas, todos nós temos um pouco e devemos saber, inconscientemente, inclusive quando iremos partir..
Alguns dizem que no futuro também teremos o poder da telepatia, já pensou não precisaríamos mais mandar emails?
Mas se eu pudesse escolher poderes, escolheria o teletransporte. Gostaria muito de conhecer o Egito, o Nilo e suas magníficas pirâmides e claro, sem saber, que lá também existe violência ou sem ter que pagar uma porcentagem que ainda não tenho pela passagem e hospedagem..
Gostaria de ver um dos inícios da civilização assim como seus resquícios..Esse conhecimento vale muito mais que livros ou sites de museus virtuais.
Bem, como se sabe conhecimento verdadeiro é um luxo mesmo. Admiro a minoria que pode usufruir..e ainda espero estar com ela para conhecer aquela terra ancestral.
E agora, já que não tenho habilidades de teletransporte, mas tenho a habilidade da imaginação, irei fechar os olhos e me imaginar de frente aos hieróglifos nem que seja para dizer "- Visto!"

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Presságio com Nicolas Cage

Ontem, com o namorado, assisti ao filme "Presságio" com o gatíssimo, com cara de chorão, Nocolas Cages. E como eu e meu namorado já passamos dos trinta, então a gente presta a atenção no filme.
A produção trata de um tema básico: O final do mundo. Ao menos lá nas telas, o mundo acabou mesmo, não foi ameaça falsa, porém, alguns, os puros de coração, conseguiram sair daqui a tempo. Haviam anjos e estavam incumbidos de levar essas pessoas daqui, antes que a terra virasse um enorme fogão à lenha. A cena que mais me comoveu foi a de uma floresta em chamas cujos alces corriam desesperados. Fiquei com muita dor ao ver a dor dos bichinhos.
Os animais fazem assim: Comem, dormem, competem, se protegem e procriam. Nós: comemos, dormimos, competirmos, trabalhamos, procriamos e pensamos no final dos tempos, as vezes fazemos religião, coisa que os animais não podem ainda..
Eu nasci católica, mas, depois da crisma, me ausentei de tudo. Então fui para a Faculdade onde além de ter me tornado atéia, ainda criticava ferozmente a finalidade romântica da religião. No entanto, depois que me casei, a imaturidade me levou à depressão e ai retornei ao cerne religioso, mas, seguindo várias tendências.
Bem, conheci o Candomblé no último ano da Faculdade, enquanto ainda me dizia atéia e fiquei encantadíssima com o som dos atabaques. Dai fui ao Kardeccismo e me enfeiticei com a idéia de contatos espirituais..Depois fui aprender algumas coisas sobre a arte Wiccae e os Rosas Crucis. Também vi a Igreja Messiânica e algumas variantes budistas. A depressão se aguçou e dai fui levada à uma Igreja Evangélica, onde percebi que muitas coisas em minha vida começaram a dar certo, gostei!
No entanto, não deu mais para seguir aos cultos devido ao trabalho..
E hoje me sinto eclética. Acredito na força de Maria como nos mantras evangélicos. Não obstante, também considero que Ele (ou Ela, ou Ele/Ela) não está apenas numa vertente. Por isso continuo preenchendo meu Ser com o que aprendo em outras religiões e também me considero uma bruxa em processo de conhecimento, só não tão rica como o Paulo Coelho, mas vai ver esbarrei na Lei do Merecimento e esse foi o bom legado de termos saido da Idade Média, podemos escolher a salvação.
Estranho como buscamos finalidades para nossas vidas aqui e sem elas não percebemos a menor graça de aqui permanecer..
Claro, deve haver mais do que estar aqui para procriar ou ir para o paraíso pós morte. Se eu morresse e fosse , por um acaso remoto, para o céu que proclamam aqui e dissessem que eu teria que tocar harpas, isso me traria de volta a depressão..
O que vai nos acontecer depois da morte? Bem, se meu "Eu" simplesmente se desintegrasse, seria bom pois eu não teria consciência disso, portanto, não teria dor e não sofreria. Mas, se eu fosse para o julgo celeste, não iria gostar de ficar lá queimando eternamente. Aliás, isso não faz sentido algum. Mesmo que Deus fosse sádico (o que duvido, visto que ele é a inteligência primeira), qual a graça de ouvir gritos incessantes?. Se por outro lado, me dissessem que eu teria que nascer novamente em outro planeta ou em outro corpo, eu só perguntaria se eu teria consciência disso? Provavelmente eles dirão que não, então tudo bem, acabaram-se os velhos sofrimentos..
Agora eu também não iria gostar caso eu me tornasse uma apavorante alma penada.. Seria constrangedor tentar me aproximar com tanta gente fugindo afoita de mim..Se o mundo acabar, ao menos esse problema não há, pois iremos todos na mesma vez e o bom é que ninguém chorará por ninguém..
Não sei! Mas, final real de mundo me cheira à recomeço quase idêntico do mesmo. É como um eterno retorno em espiral..

domingo, 19 de abril de 2009

Margarida, minha flor da sorte

Raira agora tem 14 anos. Notei que depois de uns quatro anos, ela, de alegre e faladeira, se fechou. Como a fase da adolescência é bem frágil, minhas interrogações sobre o que estava ocorrendo haviam de ser sutis..Mas, por outro lado não obtive conclusão alguma..

Ela não tem vaidade, o que é incomum para alguém de sua idade cuja ordem da vez é a imagem, a estética..Nem se olhava no espelho o que é estranho. Por que ignora-se o espelho numa fase em que somos naturalmente belos? Afinal só quem precisa usar Renew e Chronos sabe o que é beleza natural..

No entanto, ontem, percebendo o movimento de tirar fotos na máquina digital, fiquei a observar. Ela tirou várias, mas descartou todas, veio triste e finalmente disse “- Sou feia, olha o meu nariz como é enorme!”. Então, entendi tudo.. Aos poucos também me disse que quando entrou na quinta série da escola nova, uma colega riu e disse “– Olha o nariz de batata dela”

A estética para ela é o problema, essa é a raiz da auto-estima baixa, de não ter coragem de se ver no espelho nem de se aproximar de um grupo. Sua própria idéia de si a faz acreditar que sempre será motivos de risos, principalmente porque naquele ano, a colega disse a funesta frase que lhe colocaria em dúvida a própria imagem..

Interessante como crianças e adolescentes são cruéis com os outros e consigo mesmo. Antes dos 20 anos se diz coisas, tendo consciência delas, para tocar a ferida do outro cirurgicamente...Talvez senso competidor? Por outro lado, o auto-isolamento também é uma crueldade.

Sempre partilhei da idéia de que o Mal nasce conosco, porém, com a vivência, perde a força cedendo lugar ao bom-senso e a compreensão.

Eu disse à ela que não tem um nariz feio, é perfeitamente normal. Mas, ela preferiu a versão da amiga.

Raira sabe que existem pessoas com deformações físicas e que talvez sejam mais felizes que ela, mas, em alusão à Nietzsche , somos todos egoístas e só importa o nosso nariz..E isso ocorre em todas as idades..

Por outro lado, mesmo em casos do que se considera deformações físicas, qual o valor desse senso? Se os primeiros primatas nos vissem hoje correriam de nós. As vezes o DNA está tentando se aprimorar e muitas vezes evolui a partir do que era considerado erro. Por isso, mirar nas aparências é, algumas vezes, não ver a evolução.

Quando eu era adolescente também sofri com a estética porque tinha seios maiores que o das outras garotas. Aquilo para mim era uma tortura. Imaginava a todo o momento como remove-los e meu ódio por eles era tanto que pensava em retirá-los completamente numa plástica. Lembro-me de usar sutiãs hiper esmagadores com blusas de coton para que “sumissem” e ninguém mais me viesse com brincadeirinhas. A coisa só mudou quando surgiu a Mary Alexandre com silicone e daí a imagem da mulher com seios maiores melhorou, porém ainda assim, não gosto tamanho deles e ainda aguardo ter dinheiro suficiente para uma cirurgia plástica. O que me ficou foi a imagem da adolescência. Temos muitos complexos e por eles nos auto-rejeitamos.

No momento, só quero que a menina faça amigos, se aceite e aceite os demais, que compreenda que as coisas mudam. Pessoas e situações mudam, que consiga passar pela fase da estética e um dia compreenda que imagem não é muito sem nossa construção.

Bem, logicamente esse é o raciocínio mais coerente, mas como falei, também tenho meus complexos, aliás as vezes somos apenas complexos...Já passei, ou talvez passo, pelo sentimento que ela experimenta e não quero mais que ela sofra pela imagem já que tudo aqui na terra é transitório demais.

Seres humanos não se diferem dos demais animais porque tem raciocínio (esse as vezes nos mata), porém se diferem porque possuem capacidade de compaixão, de sentimentos. Algum animal fica com os filhotes mais tempo além da amamentação?

Ela sempre terá todo meu amor, não importa onde eu esteja. Para ela, ofereço fotos da minha flor da sorte, a Margarida.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Eu pinto os olhos


Tocam os despertadores, como meu inconsciente ou o cansaço levam a sério a palavra sono, tenho 2 celulares despertando mais 1 despertador sonoro e as vezes o serviço 134 da empresa de telefonia.

Saio da cama e vou acordando pelo caminho. Chamo as crianças, mas o menor sempre insiste em querer dormir mais.

Depois de vestir a roupa “trabalhística”, pinto os olhos e como isso é difícil.A boca aceita qualquer tom de cor, mas os olhos costumam ser mais exigentes..

Essa prática de passar lápis, sombras e delineador nos olhos, adquiri a pouco tempo. Os olhos ficam maiores e mais perfeitos.

Sempre gostei dos filmes que retratavam as egípcias como mulheres de olhos pintados e sempre achei um arraso..Desde a antiguidade a maquilagem e a coméstica existiam.

Seria muito bom se eu pudesse colorir o meu olhar sobre as coisas desse mundo..Já pensou sombras clarinhas cor-de-rosa para as dívidas que assolam a classe média? Lápis azul, contornando o orgulho do ego? Lápis preto delimitando o cansaço?

Mas, mudar o olhar sobre as coisas é tão difícil quanto um vaidoso escolher a roupa certa de manhã quando está atrasado.

Alguns acreditam que os olhos são a parte mais importante da estética. Deve ser porque pelos olhos temos o primeiro contato com a beleza do Ser de cada um. A forma do olhar denuncia se somos chics ou bregas ou mesmo se estamos com sono querendo novamente fechá-los.

Por que na morte fecham os olhos do falecido? Por que é difícil olhar os olhos inertes de alguém falecido? Pode ser que seja porque nos é incomodo ter a certeza de que a vida, como a conhecemos, se foi e não sabemos para onde ...

Parece que o olho é o último a se fechar em nosso corpo. Ele, que já se abriu logo que o sopro vital encheu os pulmões, que foi o princípio da paquera, da paixão, do desespero ou do descaso. Como tolerá-lo fechado para sempre?

Há quem diga que olhar nos olhos é coragem. Quando olhamos nos olhos de outra pessoa não temos muito tempo para mentir, para dissimular, então temos que enfrentá-la.

Nessa linguagem corporal, os olhos mostram quem somos, o que queremos e para que viemos..A cor deles não importa tanto.

Falamos bem qualquer idioma se a forma simbólica escolhida for a dos olhos..

Meu pai, trabalhou muito, aproveitou muito pouco do lazer, teve várias complicações de saúde, morreu de olhos abertos, meu irmão os fechou. Nunca conversei muito com ele mas sempre o entendi pelo seu olhar, principalmente de estranhamento.

E agora nesse momento, com os olhos devidamente pintados, espero que eles enganem a minha expressão de sono..

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mega mercados

O antes super, agora hiper mercado XV32, que agora foi comprado por um Mega Center, será fechado e reformado e está fazendo uma promoção record.
Ontem fui lá e, não sabendo de nada, estranhei a falta de carrinhos de compras, era a big promoção. Tudo estava pela metade do preço. Haviam prateleiras já vazias e as pessoas se acotovelavam para chegar perto de uma toalha de banho ZZ28, normalmente comprada a R$ 8,00 reais e ontem estava por R$ 4,00. Há quem diga que até sábado estará, a que restar, por R$ 2,00.
Como boa consumimidora ao perceber do que se tratava aquele trânsito incomum, tampei o nariz e pulei na multidão. Era tudo muito neurótico: carrinhos de compras em congestionamento e o ar faltava. Nesse momento parecia que o poder aquisitivo da classe média subia sem que ela precisasse se endividar e passar a vida fugindo de uma bola de neve credora.
Segundo os jornais, pobres miseráveis brigaram por farpas de peixes deixadas pelos mercados municipais durante a Sexta da Paixão de Cristo e pobres miseráveis consumidores, fingindo ter finesse, brigavam ontem por uma toalha ou um jogo de copos vendidos pela metade do preço. Somos consumidores natos e perde quem compra menos. Fico a imaginar como seria a competição das elites, ou da classe dos sonhos. Se brigam, deve ser à distância, provavelmente mandando o advogado, muito bem pago. Todavia, segundo as estatísticas, quem não aprende a brigar, mesmo sutilmente, não aprende a se auto-preservar.
Acabei desistindo de comprar ali quando vi a fila do caixa...

terça-feira, 14 de abril de 2009

O cárcere da alma

Mesmo com a exaustiva pressão anti-tabaco, fui à Loja de Conveniência no início da noite porém não tinha minha marca de cigarro. Mesmo não querendo, como não ter direito à vontades, compro outra marca, afinal pior seria ficar sem cigarro algum..
As vezes lembro-me das primeiras vezes na adolescência quando comecei a tragar. Foi difícil, acreditava que não conseguiria e tinha a certeza de que precisava daquilo para aparecer em público..
No início o vício tabagista era ímpeto de uma nova força guiada por hormônios juvenis, depois virou bengala e agora acho que é meio que medo de como enxergar o mundo sem um cigarrinho. Então, atualmente, "medo" é a palavra certa. O impulso juvenil se tornou amuleto de meia-idade..
Na antiguidade o vício de gregos e romanos era a guerra, a cultura e o sexo. O tabaco só entra depois, durante as primeira e segunda guerras mundiais. Provavelmente era o consolo do soldado em território hostil..
Hoje parece que os vícios se tornaram mais acessíveis..A maioria deles é químico e podem estar na legalidade, como os remédios que proporcionam sono, ou, simples remédios que até podem ser de placebo e que atendem à classe dos hipocondríacos. A paixão também é um vício, chocolate pode ser vício e a filantropia também pode ser um vício.
Fico cá imaginando o planeta terra sem vício algum, como seria?
O vício chega rápido quando não podemos lidar com nossas carências afetivas. Ele é a carência do "Eu" e as vezes preferimos fazer o "Eu" sucumbir, obviamente não sem remórcios, pelo desejo surreal de não ter mais carências..
Causa-me desconforto não ser tão forte quanto imaginava ser na adolescência e não poder me classificar livre do vício do tabaco
Tenho plena certeza, hoje, que os anti-tabagistas estão totalmente certos e gostaria de compreender o mundo a partir do Nirvana a partir da paz...
Admiro os irmãos budistas que se isolam e encontram a si mesmo, sem precisar nem ao menos comer. Não percebem o envelhecimento do próprio corpo nem suas necessidades. Dizem que quando encontramos a luz espiritual, a sensação de paz é tão forte que nos entregamos à contemplação. Nada mais nos humilha, nos amedronta, nos acua, nos atormenta. Não há mais dores e podemos enfim perdoar os demais e a nós mesmos. Nesse ponto nos tornamos energia além da matéria..
Sócrates dizia que "O corpo é o cárcere da alma". O corpo, sendo matéria, engana muitos, os fazendo acreditar que todo resto é sua extensão. Porém, talvez seja a missão dele e diga por passagem, ele realiza muito bem. Prisioneiros de nossa matéria somos quando criamos nossas ilusões e preferimos esquecer de que sempre existe mais à nossa espera..
A gente faz representações sobre os vícios a partir de nossa matéria mas conseguimos fazer poucas sobre como alcançar a paz real..Aliás, alguns insistem em dizer que ela não existe, visto que desde a origem da vida orgânica, o que existe é competição e luta. Mas, esse é o olhar material, coisificado, um dos unicos que aprendemos a reconhecer e que não é suficiente para falar das coisas do universo ou dos universos.
Não sei se o melhor é tornar a matéria atriz coadjuvante ou mera parceira de nossa estadia aqui, porém sei que está faltando algo para sermos inteiros.

domingo, 12 de abril de 2009

Fotos de Maresias da Páscoa


Fui para Maresias novamente junto com o loved e sua família, andei até de tiroleza. Na volta, feriadão, todos sempre têm a mesma idéia, sair na mesma hora e assim, ficamos 6 horinhas na estrada...
Levei infinitas picadas de mosquitos tropicais, mas o gostinho de ter viajado superou as coceiras..

Seguem as fotos dessa doce aventura:

1. Pedaço da Mata Atlântica (quando fomos passear a 40 m de tiroleza)



2. Por detrás da cerca que separa asfalto de praia, as ondas quase nos alcançava, disseram que era o fenômeno da Páscoa, pois as ondas estavam 1.30 m acima do previsto. Também houve mudança para a lua minguante. Um outro detalhe, as ondas tinham muita espuma branca. O que seria??



3. Um caranguejo perdido. Dá para ver?




4. Pedaços do morro e do céu:



quinta-feira, 9 de abril de 2009

Viagem para o interior de mim..


Minhas crianças viajaram para Espírito Santo do Pinhal e estou enfim, só. O fluxo da vida é tão rápido e tão repleto de multi-tarefas que já não sabia o que era estar só. Certamente estou com saudades dos gritos juvenis aqui dentro de casa mas há muito não ouvia meu próprio grito ou a voz que falava comigo desde a infância.
Quando eu era criança me sentia extremamente só. Minha família não era muito de me deixar sair e ter amigos, não tinha irmãos de minha idade e eu me sentia amarga, sem cúmplices. Então o jeito foi falar comigo mesma e mergulhar na fantasia..Eu tinha um cachorro, um Dobermann, chamado de Storm. Eu o adorava, acho que por tempos tentei faze-lo parecer com uma criança..No entanto, me irritava o fato de ser racional e saber que ele nunca substituiria a cumplicidade que eu queria..Assim, acredito que me tornei, até o início da idade adulta, carente demais. Sempre acreditava, sem malícia, em tudo que me contavam e me custou entender que as pessoas trapaceiam e que teremos que perdoá-las caso não queiramos ficar só..
Felizmente hoje venci a solidão encontrando pessoas (mesmo as trapaceiras), tornando o "estar só" uma opção ou um prazer..Embora não se faça muito sozinho, as vezes é preciso apreciar, contemplar o silêncio porque é só através dele que a voz interior é ouvida, além do som grave e distante do coração..
Os melhores e mais eficientes planos são realizados na solidão assim como a verdadeira saudade só surge nesse momento. Quando sentimos saudades na multidão, talvez seja pelo efeito de comparação ou da carência. Só dá para avaliar os limites da saudade quando nada nos falta, inclusive as pessoas que nos deixam em silêncio por alguns instantes..
Irei aproveitar esse período de Páscoa e tentar me auto-analisar, quem sabe não diminuo meus erros..

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O caminho novo

Tentei um novo caminho hoje para tentar escapar do trânsito da Av. Cillos, afinal tentamos vários caminhos a todo momento que não dá para não tentar passar para o lado da Av. Brasil. E embora parece que o tempo de travessia seja o mesmo, pelo menos, o fluxo de carro é menor, o que proporciona menos stress.
Até a idade adulta somos os reis da velocidade, depois somos os masters do medo advindo dos reflexos que se formam nesse nosso aprendizado..
Existe uma diferença brusca entre o jovem e o adulto. A adolescência é marcada pela insatisfação mesmo com a felicidade do período, é portanto, marcada por uma coragem absurda que nos impeli a dizer "não" até para o conforto..Mas, com o tempo, percebemos que o "não" é algo muito radical, principalmente quando é a vida nos diz. O adulto não tem tanta coragem de seguir novos caminhos. Só seguirá se sentir real necessidade disso como, por exemplo, se a avenida estiver congestionada demais. O jovem se insere ou espera por um novo grupo. Pensa que é mesmo "novo" e realiza a função do DNA humano que é a formação de outras gerações, que irão fazer o mesmo que ele. O adulto já sabe que foi o mesmo, com significativas variações, que seus pais. Não obstante, tanto o jovem como o adulto, questionarão o corpo e o espírito.
Agora por exemplo percebo modestos, mas ímpares problemas no funcionamento de meu corpo e me pergunto: Será que o mal vem de dentro, da psiquê para o físico? Ou será, que o mal vem do físico ambiente, de fora para a psiquê? Ou será que tudo sempre se alterna?
O adulto sabe que mal não é coisa de religiosos. Ele é tudo que não se quer ou as vezes é necessário para que ele entenda o quão frágil é a idéia do infinito.

sábado, 4 de abril de 2009

Doces na vida adulta


Pensei que iria dormir mais no sábado, mas, como preciso estudar mais, iniciei um curso de Pedagogia de 1 ano.
Então, acordo relutante as 7:30 h, prendo minha boxer Diana, que estava na frente de casa (senão ela foge), tiro o carro, tranco a casa e vou abastecer. Ritual feito, sigo pela Anhanguera e W. Luis até Rio Claro. Quando chego me perco um pouco (tenho um terrível déficit de localização geográfica, nunca sei onde estou e para onde irei) e depois de 20 min, dentro de outra cidade, chego à Faculdade.
A professora envia uma questão, meus colegas tentam responder e percebo o velho egotismo daqueles que são aspirantes à intelectuais-pop star.
Não posso criticar, porque também já tive a impressão de que o mundo girava em torno de mim na infância e na juventude até eu descobrir que existem números que não conhecemos de galáxias por ai..
Quando descobrimos a existência de outras galáxias, inicialmente não as reconhecemos, depois choramos ao perceber nosso real tamanho num universo que só existe na proporção que nossos olhos conseguem enxergar seus limites...
Adorei a cidade das ruas e avenidas que não têm nomes mas números. Sempre odiei Matemática porque nunca consegui entende-la, mas consegui entender essas ruas com números, é tudo bem mais simples e sem decoreba. Parece que complexo são as ciências sociais e não as exatas...
No mais, descobri que estou com hipotiroidismo e essa pode ser a causa da fadiga que sempre me consumiu ou do desencanto que as vezes sinto por esse mundo. Já pensou, pode ser que nunca sejamos tristes e sim estejamos passando por uma turbulência química?.
Li que a falta desse hormônio também causa excesso de peso. Então talvez eu também receba perdão pela gula.
Doravante, é certo que os hormônios são vilões e mocinhos esquecidos porque sempre trabalharam em silêncio e escapavam de fininho. Meu namorado diz que estou como um carro usado e é certo que depois dos 35, as causas físicas começaram a nos consumir..E aquela fartura toda da adolescência agora é transformada em cuidados periódicos com a saúde.
Interessante dizer à um adolescente que fumar mata pois ele dirige um "BMW orgânico", capaz de suportar muito os trancos dessa estrada. Agora dizer à um adulto que bala de canela mata, com certeza, iria gerar pensamentos em várias noites..