2009: Ficamos entre os 100 do Top Blog

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Os segredos de Fátima..


Hoje é o último dia que escrevo, quer dizer do ano. Quem diria 12 meses...quantas primaveras? Quantos sonhos?
É bem verdade que todos nós, mesmos os céticos, estamos acostumados à esse ritual onde reavivamos a esperança e apostamos nossas fichas no “novo”, porém não numa cabeça nova...Queremos o novo, a partir de velho...e na verdade, o verdadeiro novo sempre nos assusta...
Somente aqueles que sofrem muito, não gostam de rupturas e custam a superar seus medos com as novidades reais...
Geralmente, na passagem de ano, as pessoas dão uma trégua na mortal língua, deixam de se preocupar com a vida alheia e por conseguinte com julgamentos sobre os demais...Talvez se cansem da hipocrisia, da política de sorrir ao réu e depois condená-lo ...Bem, até Cristo, que considero Santo, não escapou nas inconveniências do olhar rústico e cruel do outro...
Talvez, com a evolução da tecnologia, com o conforto da vida num mundo industrial, as pessoas liberadas de fogões à lenha e de sapatos engraxados à mão, agora tem muito mais tempo para futricar, blasfemar, do que anteriormente.
Deuses que nos regem...por favor, diminuam isso porque devido à língua alheia, já estamos no inferno... só não sei se é tão chic como o de Dante..
O século XX foi marcado pela difusão do individualismo e o século XXI está sendo marcado pelo extremo narcisismo...Todos são os melhores, os mais bonitos, os mais gostosos...Estética, ilusão, fantasia..
A TV mostra a retrospectiva...com pouquíssimas coisas boas...
Agora estou escrevendo de um belo hotel em Maresias, vila de São Sebastião..Muito bom estar em contato com o gigante e arquétipo mar...Sentir seu cheiro, seu sabor, seu toque ritmado, então não posso dizer que estou imersa no inferno citado acima...porque partes significantes da natureza me acompanham e parecem me dar forças para esse novo ciclo que está se aproximando..
Considero-me feliz porque ainda estou aqui celebrando essa data..e gostaria de pedir à deusa, princípio feminino do universo, que assopre sensatez e lucidez, caso seja difícil soprar fraternidade aos homens de boa vontade...ah! e por favor também gostaria de emagrecer e ficar musculosa...
Ah! A foto é de Paineiras imperiais e foram fotografadas na minha escola e qualquer relação das belas árvores com o texto escrito não é mera coincidência...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Final de ciclo...



Está acabando o ano e isso não é novidade alguma até que nossa vida ou o nosso planeta se finde, dentro desse universo, que já não temos tanta certeza se é finito ou infinito..

As pessoas estão se atropelando, ansiosas, nervosas e na escola já estou me despedindo do cargo da coordenação, pelo motivo de ser de 8 horas e não atender minhas expectativas financeiras..Na verdade, estou no tempo certo para trabalhar menos e ganhar muito mais. Não quero mais correr, quero objetividade e prazer...

Nesse teatro, nos chega uma avaliação. Essa não era para nós, mas para que os colegas nos julguem e dêem uma nota...Óbvio que nos deram de 0 à 5, no máximo 4. No entanto, acho que não dá mesmo para ver o contexto de toda história, geralmente enxergamos apenas por partes..Poucos podem ter acesso às dificuldades sofridas no curso e qual a munição que tínhamos no momento......É bem fácil julgar o outro quando ele está exposto, mas quase impossível julgar a nós mesmos, afinal somos semi-deuses. Não gostei de ser julgada, porém todos nós somos, mesmo não gostando.. Depois vi, sem querer, uma professora amiga, falando de mim até ela perceber que eu estava do lado...Mas, o que seria de nós se não observássemos a vida alheia?? Ah! Em outros momentos morreria de ódio, esperaria loucamente pelo rebote, mas depois de quatro décadas de existência: Deixa para lá! Será que nosso valor está apenas no olhar irregular e instável do outro?

Agora quando chegar ao nosso último dia de trabalho é possível prever abraços, cumprimentos, beijos, abraços, como se, em um dado momento, uma trégua histórica fosse realizada...e tudo graças às antigas religiões que, em essência, pregaram a “volta do homem à Deus” ...Incrivelmente temos os mesmos sonhos no final de cada ciclo, pedimos que as coisas mudem..mas, fazemos poucos reconhecimentos de nossas falhas..Uma é acreditar que existe um período para a concórdia e que ela só vem depois de muita guerra. Aliás, a sorte é que estamos divididos em línguas diferentes e nem todos conhecem a linguagem dos sinais .

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A rotina e seu irmão gêmeo: O hábito

Um time de basquete veio ocupar partes da área de minha escola. Mas que coisa! Colchões ao chão, um único chuveiro funcionando, sem tv e eles irão ficar. Pergunto se os técnicos não deveriam dizer: Assim meu time não joga nem amistoso. Porém, tudo é "conformável". As pessoas aceitam o que julgam ser maiores do que elas, ou seja, a estrutura antiga. Por outro lado, poucos percebem o sofrimento alheio, porque sofrimento só é real se existe na própria pessoa. Desconforto alheio não existe. E as pessoas caminham mais se esquivando do que poderiam enfrentar, mais fingindo viver do que vivendo...A vida as vezes é uma fraude, pois não acontece e parece que apenas o que não acontece, existe.
Estamos regredindo à postura de animal solitário. Aquele que nem é político, mas quase político, se mascara bem para a vizinhança para ter paz. Daqui a pouco irão querer o prêmio nobel por qualidade de máscara...
Eu penso que durante as décadas de 60 e 70, tivemos ênfase maior ao coletivismo e às atitudes solidárias, havia união política..
Todavia, aos poucos, a TV colorida nos reportou às nossas próprias sensações, nos fez acreditar que apenas do "eu" sairia o mundo...As pessoas se fecharam em casas, depois em quartos e agora numa telinha de celular MP4..
Não penso que devemos viver protestando politicamente ou fazendo greves, porém penso que estamos nos esquecendo, perdendo o Arqué coletivo...
Se todos dissessem: Não iremos fazer isso ou aquilo e cruzassem os braços, óbvio que a situação teria que melhorar...Se alguém dissesse: Não irei viver assim, não me conformo com isso, poderia se tornar um exemplo.
Todavia, gostamos da rotina, parece que ela nos dá segurança e tudo que é contrário parece ser ameaça...
Não imaginamos que abaixo de nossos pés a terra arde, vulcões imensos se formam, terremotos se aproximam...E a ironia é que, mesmo se soubéssemos, esqueceríamos minutos depois por força de outros hábitos..
Acostumar-se não é uma boa habilidade para seres humanos. Deveríamos estudar biologia para entender que os únicos dinossauros sobreviventes foram os que mudaram seus hábitos, mudaram inclusive seus paladares. Comeram até o que não era digerível, numa atitude extra de manter os músculos funcionando, mudaram de ambiente, porque pressentiram que a água farta ali, iria acabar em breve..E se alguém estudasse história, veria que os unicos milionários durante a queda da bolsa de N. York, na década de 30, foram os que formaram associações, os que investiram em produtos que ainda nem se conhecia..Isso, a vida é o risco do novo.
Parece que a maioria só se movimenta se sentir dor, mas não qualquer dor suportável, só aquela que é mais forte que nossa vaidades... A dor insuportável é a que parece nos tirar da rotina e enquanto ela não for assim, parece que a toleramos amigavelmente.
O hábito é um péssimo costume e é ser inútil para si mesmo..

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A importância da vida alheia

Por que a vida alheia é tão importante??


Todos dizem que não é importante falar da vida alheia mas, com certeza, essa prática é tão milenar quanto a escrita, sem contudo, dizer que parece dar muito prazer pois mesmo sabendo ser eticamente errado, ninguém consegue parar.

Temos de nos preocupar não com o que entra pela boca, mas com o que sai e parece que esse mal não dá tréguas para nossa espécie.

Não precisamos de muito tempo, apenas um momento de espaço vazio para lá estamos nós fofocando, comentando algo que não acresce conhecimento..Tudo caminha assim, você fala de mim, eu falo de você e com certeza alguém fala de todos nós..No entanto, ficamos irratadíssimos quando nosso nome é falado e ignoramos que somos eternos alvos..

Apreciamos a crítica aos outros, Van Gogh soube bem o que era isso. Ninguém consegue se defender da boca alheia, ela é invisível..

Agora deixarei esse assunto monótono de lado, porque não faria sentido dizer que estou irritada porque falaram que minhas roupas estavam curtas, para dizer que estou sofrendo horrores com uma dor lombar que de uns tempos para cá não me dá trégua. E essa dor, que ainda não sei a procedência, não me permite ficar muito tempo aqui na máquina digital.

Assim, concluo que poderei ter um prazer inefável, não quando eu falar de alguém, mas quando essa dor passar...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Formandos, formados..


Mais uma turma de terceiro-anistas irá se formar na escola. Acho que irei ser mestre de cerimônia e com certeza será interessante.. Essa é a responsabilidade de ser exposto pois todos que são expostos também são julgados...
Fico aqui a pensar e a lembrar de como foi comigo ..
O que é estar deixando a escola?
Entramos por essa porta empurrados, forçados, no mínimo persuadidos de que teremos essa primeira obrigação...No meio do caminho alguns gostam de estar lá, outros fugirão..e esta é uma meta obrigatória..
A escola não é muito democrática embora esse seja seu lema lendário e histórico. Ela se divide em grupos, em elites, em pensamentos e até em irracionalidades...
Quem cumpre a obrigação , descobre a duro preço que era apenas uma etapa, que ainda tem faculdade, pós graduação e depois a busca pelo emprego desejado que não vem para todos...A maioria , sem tempo de espera, acabará se entregando ao que existe de momento no mercado de trabalho, sem dizer da competição desleal, da chamada "cartolagem" ou "Q.I - quem indicou" no campo de empregos..
Muitos Einsteins não passaram por escolas e resolvem melhor do que ninguém a incrível fórmula pós-moderna de como sobreviver com tão pouca renda ou nenhuma..
Parafraseando Brecht "O que seria dos engenheiros se não fossem os pedreiros"? Bem, parece que é mister das escolas formar líderes e convencionar lideranças..
No entanto, por hora, vamos esquecer Harvard e pensar na formatura de terceiros-anos, onde parece que surge a soma de todos os sonhos..
Alguém se lembra de seu primeiro dia de aula, aos sete anos? Quando viu aquele monstro de prédio, com corredores parecidos com labirintos, pisos que pareciam infinitos, crianças estranhas e adultos que poderiam ser maus?
Nesse dia provavelmente a criança, tímida, segurou a mão da mãe e chorou...
Não queria entrar ali não..queria voltar para a casa..
Foi preciso um empurrãozinho, deixar que o choro rolasse para que a criança entrasse.
Foi o primeiro e mais significante passo para a independência..
Ali, na escola, ela agora seria alguém, embora tivesse um número que a identificasse (Ah!essa parte é a pior) . O número 12 da chamada é Cecília (é para dar sorte?) . Só com o tempo, o nome vence o número...
Hoje, o prédio se tornou pequeno, dá para ver a rua de novo...As crianças se tornaram amigas próximas e agora se relativizou o tamanho dos adultos..
Ali também foi a primeira paquera significativa..
Quando esses terceiro-anistas partirem, com o saldo de 11 anos, onde diariamente 5 horas eram vivenciadas ali, haverá lágrimas de emoção...Quem diria a criança que chorou para entrar pela primeira vez na escola, agora chora, abraçada com seus entes, para sair..
Medo?
Medo é acompanhante de nossos limites, ele diminui conforme crescemos..Portanto, não existem monstros. Nós é que ainda não crescemos acima ou à altura deles..
Crianças são obrigadas a ir para a escola porque não podem "responder" por si, não são responsáveis, ainda estão anatomicamente e socialmente em formação e ai vem as convenções sociais e tentam defini-las. Mas crescendo, consciente de si, as obrigações passam a ser escolhas.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Explicações sobre a ausência



Caros (possíveis, pois ainda não sei se existem) leitores;
Não escrevi nesses últimos dias pois meu tempo se afunilou ainda mais com vários tipos de novos problemas: cobranças de relatórios na escola, discussões fúteis por TPM ou “excesso de vaidade” com colegas de trabalhos, namorado que acaba relacionamento (e como fui atrás dele, voltou), filhos que estavam em semana de prova e outras coisas..
E agora nem acredito que estou aqui sentada nesse PC escrevendo, com a ajuda do BrOffice. E estou feliz por isso.
Nada como ter um momento para si próprio, não há dinheiro que compre ou dívida, que temos que pagar, que nos tire esse sublime prazer.
Estou só comigo mesma..
No entanto, o difícil é saber que posso passar até décadas sem escrever e a aparência do mundo não muda ou resiste ferozmente à mudanças.
Enchentes em Santa Catarina, pessoas desabrigadas. Fatalidade da natureza, entretanto, a destruição natural é bem menor do que a dos homens, como provam os terroristas que atacaram a população civil em Bombaim na Índia. Por outro lado, Shoppings lotados, pessoas se aglomerando e o consumismo se tornando a última reza...Sobre isso acho que uma crise financeira só será suficientemente grande quando alcançar os Shoppings..
Alguns chegam a pensar que uma catástrofe, como a prometida pelos Mayas para o ano de 2012, tem que acontecer. Assim, a população se reduziria e haveria a esperança de que os maus sucumbam, mas e se forem justamente eles que sobrevivam?
Na Bíblia está escrito que os mansos herdarão a terra. Tenho essa esperança! Mas, quando ela diz que os “puros de coração verão à Deus”, ai já me preocupo, pois além de eu nunca conseguir um coração puro, também nunca conheci quem tivesse. Todos nós estamos envoltos à futilidades, picuinhas, vaidades...É gostoso e dá prazer fazer fofoca do colega, assistir à tragédias pela TV, comendo lanches e outros querendo comprar um novo carro para mudar de cara...E coração é algo que, graças à medicina moderna, sobrevive à AVCs, porém, não ao individualismo pós-industrial.
Mas, afinal porque os poetas miraram o coração? Provavelmente por ser um músculo real, que bomba sangue e energia para todas as regiões ou porque ainda não sabiam dos "poderes" neurológicos..
De qualquer forma, adotamos o coração como modelo de sentimentos e ultimamente parece que estamos caminhados para corações de pedra...
A violência da França de Robespierre ou do 3o Reich, para alguns, hoje, não seria mais do que um fato banal.
Bem, assim como existem espécies que não conhecemos e quando conhecemos as chamamos de exóticas, também devem existir os "puros de coração". E eu espero realmente que existam e que possam ver à Deus ...