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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Formandos, formados..


Mais uma turma de terceiro-anistas irá se formar na escola. Acho que irei ser mestre de cerimônia e com certeza será interessante.. Essa é a responsabilidade de ser exposto pois todos que são expostos também são julgados...
Fico aqui a pensar e a lembrar de como foi comigo ..
O que é estar deixando a escola?
Entramos por essa porta empurrados, forçados, no mínimo persuadidos de que teremos essa primeira obrigação...No meio do caminho alguns gostam de estar lá, outros fugirão..e esta é uma meta obrigatória..
A escola não é muito democrática embora esse seja seu lema lendário e histórico. Ela se divide em grupos, em elites, em pensamentos e até em irracionalidades...
Quem cumpre a obrigação , descobre a duro preço que era apenas uma etapa, que ainda tem faculdade, pós graduação e depois a busca pelo emprego desejado que não vem para todos...A maioria , sem tempo de espera, acabará se entregando ao que existe de momento no mercado de trabalho, sem dizer da competição desleal, da chamada "cartolagem" ou "Q.I - quem indicou" no campo de empregos..
Muitos Einsteins não passaram por escolas e resolvem melhor do que ninguém a incrível fórmula pós-moderna de como sobreviver com tão pouca renda ou nenhuma..
Parafraseando Brecht "O que seria dos engenheiros se não fossem os pedreiros"? Bem, parece que é mister das escolas formar líderes e convencionar lideranças..
No entanto, por hora, vamos esquecer Harvard e pensar na formatura de terceiros-anos, onde parece que surge a soma de todos os sonhos..
Alguém se lembra de seu primeiro dia de aula, aos sete anos? Quando viu aquele monstro de prédio, com corredores parecidos com labirintos, pisos que pareciam infinitos, crianças estranhas e adultos que poderiam ser maus?
Nesse dia provavelmente a criança, tímida, segurou a mão da mãe e chorou...
Não queria entrar ali não..queria voltar para a casa..
Foi preciso um empurrãozinho, deixar que o choro rolasse para que a criança entrasse.
Foi o primeiro e mais significante passo para a independência..
Ali, na escola, ela agora seria alguém, embora tivesse um número que a identificasse (Ah!essa parte é a pior) . O número 12 da chamada é Cecília (é para dar sorte?) . Só com o tempo, o nome vence o número...
Hoje, o prédio se tornou pequeno, dá para ver a rua de novo...As crianças se tornaram amigas próximas e agora se relativizou o tamanho dos adultos..
Ali também foi a primeira paquera significativa..
Quando esses terceiro-anistas partirem, com o saldo de 11 anos, onde diariamente 5 horas eram vivenciadas ali, haverá lágrimas de emoção...Quem diria a criança que chorou para entrar pela primeira vez na escola, agora chora, abraçada com seus entes, para sair..
Medo?
Medo é acompanhante de nossos limites, ele diminui conforme crescemos..Portanto, não existem monstros. Nós é que ainda não crescemos acima ou à altura deles..
Crianças são obrigadas a ir para a escola porque não podem "responder" por si, não são responsáveis, ainda estão anatomicamente e socialmente em formação e ai vem as convenções sociais e tentam defini-las. Mas crescendo, consciente de si, as obrigações passam a ser escolhas.

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