2009: Ficamos entre os 100 do Top Blog

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ela disse não..

Tenho uma amada amiga, a Márcia que está em tratamento contra o câncer. Há poucas horas conversávamos sobre a sua reconstrução de mama e ela está indecisa sobre isso.
Pensei então, se fosse comigo, com risco eminente de piorar a situação, se eu faria a tal cirurgia. Bem, se eu pudesse, faria sim.
Certamente falamos mais do que deveríamos quando o problema não é conosco. No entanto, sempre achei que deveríamos morrer inteiros, ao menos fisicamente e não sei se concordo muito com a idéia de tirar uma parte para salvar o todo porque sem uma parte o todo pode ficar sem identidade.
Já vi curas impressionantes quando a pessoa conseguiu fortalecer o seu "Eu" e acreditar que, fazendo parte do sacro universal, poderia reagir a esse vilão tão sinistro, cujo nome tememos todos dizer, o câncer. Doravante, se estudarmos seus mecanismos, veremos que ele é uma célula que se alimenta assim como as outras, assim é possível cientificamente e literalmente "mata-la de fome". Existem grupos de estudiosos nos EUA que trabalham nesse ínfimo laboro que é desnutri-la e se isso ocorrer não há necessidade de métodos como a Quimio. Muitos estão vencendo esse desafio mudando radicalmente seus hábitos..
Alguns dizem que a doença é mais uma provocada por outra vilã, a psiquê. Não sei como mas coisas como a tristeza e a mágoa adoecem seriamente o corpo. Parecem que mutilam antes dos bisturis..E se mudarmos tudo em nossa rotina (eu sempre disse que o problema é a rotina) podemos reagir psicologicamente de forma positiva..
O câncer é um problema que tenta nos retirar o direito de morrermos com a dignidade que acreditamos ter..O curioso é que ele pode ser apenas uma reação de uma série de violências que cometemos contra nós mesmos sem termos consciência delas..Mais difícil do que lidar com as consequências da patologia é lidarmos com nosso frágil ego..Como é difícil não nos concluirmos como vítimas? Como é difícil rirmos de nós mesmos quando a situação em nossa volta nos coloca em xeque? Como é difícil não ter insônia por causa do salário, do enamorado, das fofocas? Talvez, enquanto sentimos dor em uma parte de nós, também irradiamos dor para o resto de nós e tornamos o sofrimento homogêneo..Pior, talvez é que as vezes, inconscientemente, pedimos para morrermos fisicamente, pedido que provavelmente entre em choque com o instinto vital..
Ao que parece toda a guerra se inicia dentro de nós, com subpartículas que desconhecemos..Mas, nós temos um universo e somos participantes de outros universos..
Não há um dia em que eu não ore por minha amiga Márcia e não tente ajuda-la no esforço de vencer esse problema. Acredito que a função do outro seja justamente essa, empurrar o amigo, não deixa-lo perder a esperança de que ele deve continuar, afinal dançamos e comemos juntos ..
A Marcia há de se curar afinal tem a maioria de células boas e guerreiras. Se ela escolheu vencer, ela disse não às células cancerígenas.

terça-feira, 24 de março de 2009

Um minuto

Hoje, atrasadérrima, as 6:42 h de uma bela manhã, pego a Avenida Cillos para levar as crianças para a escola e ir para o trabalho. Ela é extensa e tem incontáveis sinaleiros.
Passo pelo primeiro verdinho, mas fico no segundo que é vermelho. É um minuto, mas na espera me desespero por ter a certeza que esse minutinho, para quem já está atrasado, é inaceitável. Passo pelo terceiro sinaleiro, acelerando na esperança do quarto também estar livre, entretanto, uma Van à 10 por hora, trás o fim do meu efêmero sonho..Sinal fechado, continua a agonia e por ai vou pensando no sexto e no sétimo sinal..E o motoqueiro andando no meio da avenida..
De nada adianta falar de sinais fechados para supervisores ou explicar de supervisores para pilotos que andam em primeira marcha e com o carro ainda frio de manhã..
Pouca gente saberia racionalmente explicar que um minuto parado pode ser a diferença de sua vida, principalmente se somado a outros minutos..
Um minuto será o tempo que provavelmente terei para rever toda minha vida na minha tela privada, antes de partir com a frustração de não ter dado tempo para sorrir aos meus queridos entes..
Por outro lado, nossa pressa urbana, neurótica , nos leva a idealizar o "um minuto" ganho. E o minuto ganho é geralmente para fazer as mesmas coisas que fazemos todos os dias, sem prêmios nem troféus..
Um dos problemas da humanidade é que tem muita gente correndo ao mesmo tempo e geralmente para os mesmos lugares, enfrentando os mesmos semáforos sincronizados e cumprindo nada além da rotina..

domingo, 15 de março de 2009

O grande desafio..

Hoje fui a casa de minha mãe em Campinas.
Ela é mulata, descendente de pai italiano e mãe negra. Sempre foi forte fisicamente, trabalhava muito, embora em funções repetitivas.
Funções repetitivas e rotina são ingredientes paralelos à tristeza..Para ser alegre, precisamos pelo menos um dia, pular de Big Jump..
Ela teve câncer a pouco tempo. Ainda luta contra efeitos colaterais.
Agora completou 77 anos e sua história é meio que mista entre laboro e neuroses, advindas talvez da frustração..
Hoje a vi de uma forma que me preocupou..Ela estava errando alguns nomes assim como identidades das pessoas. Embora lúcida, parece que o motor mestre, ou seja, o cérebro, dá seus primeiros sinais de envelhecimento.
Fico imaginando se isso não é um mérito da natureza, que assim faz, para que não assistamos ao envelhecimento do corpo..
Complicado nosso tempo de validade..e é muito ingrato sermos um organismo, uma forma com uma memória viva num sistema sem caminhos para se chegar até ela.
Somos tanta coisa e um dia não conseguimos mais abrir todas as nossas portas como sempre fizemos..
Mas, eu disse a ela que lesse e adquirisse o gosto pela literatura, que fizesse coisas diferentes porque é tudo culpa da pseudo-estável rotina..
Com desafios, nosso corpo é obrigado a traçar novos caminhos..Ainda temos a herança de sobreviver e quem acha que isso não procede se perca na mata atlântica, que na busca por trilhas que o tragam de volta, verão que o seu corpo, sob ameaça eminente de morte, simplesmente ressuscita.
Temos que fazer tudo o que for possível se a idéia é fazer o cérebro continuar. Sem ele, nem mais amor sentimos..
Existem para ele vários exercícios que os experts em psicologia descobriram..Uma delas é fazer algo fisicamente novo, mudar radicalmente algo..Nosso corpo, nossa mente, costumam responder muito bem a desafios.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Triste sem conceitualização

Hoje eu estou triste e estado não têm conceitualização.
A causa é o verbo alheio, ultimamente usado pouco para poesia e muito para semear a discórdia entre as pessoas de bem..
Somos seres estranhos, alguns de nós pagam qualquer preço para ver o outro triste e sobre ele se envaidecer..
Somos seres que já podíamos estar libertos mas preferimos as picuinhas ou o sabor do Ego.
Não há mais o que dizer, durante a tristeza nada mais se diz..

domingo, 8 de março de 2009

2012

Há algum tempo não escrevo, faltava vontade..ânimo!
Tinha vontade de só ficar na cama, embora esse calor está de matar...
Cada dia fico mais indisposta em trabalhar no que trabalho há 15 anos. Porém, realmente não sei qual profissão me traria prazer..
Estão dizendo que em 2012, segundo as Profecias Mayas, tudo se acabará, inclusive as plantinhas que nem saem do lugar...
Por fim, se isso ocorrer creio que o Tiranossauro brucutu foi melhor desenvolvido do que nós, afinal parou mais tempo na terra...
Basta um meteoro para nos atingir e lá se vão nossas chances de reprodução ..Contudo, resta-nos uma esperança...Segundo a Bíblia uma parte pequena de nós, os mansos, herdarão a terra. O problema é que num universo de hiper-egos ninguém quer ser manso..
A vaidade e o orgulho nos assombram..

segunda-feira, 2 de março de 2009

Parte de mim em dormência..

Só dormi 2 horas nessa noite, acho que por excitação mental, não parava de pensar em futilidades e não me peça para definir "futilidade". Há excesso de calor por aqui, faz 39 c agora e nem imagino quanto fez a noite..
Bem que gostei de ter feito 40 anos (pensava que seria mais difícil), porém, acho que estou passando por metamorfoses..
Novamente os hormônios se misturam, se combinam e não entendo no que me transformam. O que sinto as vezes é que estou me tornando apática a tudo que tenha a ver com libido. Nossa! Será que, sem saber, eu já gastei meus fôlegos de gata?
Ainda estou longe do climatério mas sinto que a natureza já começou a me dispensar do serviço de reprodutora. O paradoxal nisso tudo, é que estou feliz...
Ultimamente as pessoas como eu, ou seja, brochas, são julgadas pelos santos tribunais do sexo oposto e como não podem nos colocar na fogueira, nos relegam ao ostracismo..
Ainda sou extremamente narcisista embora tenha deixado de ser ridícula nisso..Sinto-me em desenvolvimento..e acho que é isso que mantem minha saúde mental já que Freud provou que mulher sem libido é igual à mulher neurótica.. Não estou histérica, aliás, estranhamente me sinto contemplada.
Também pode ser que estou imitando, inconscientemente, o comportamento de minha mãe quando tinha a minha idade. Será? Mas, ela era histérica...
Engraçado o sexo. Todos fazem, caso contrário, o planeta não estaria superlotado, entretanto, poucos comentam o assunto e se o fazem é bem baixinho, sussurrando. As ruas estão repletas de gente mais imaculada do que eu nesse momento..
Penso que por mais que façamos ou vivenciamos, nunca passamos de plágios melhores ou piores dos pais..
Difícil saber o que colocou a minha libido em dormência..