2009: Ficamos entre os 100 do Top Blog

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

E a água?


Acabaram de me entregar um Ipod que ganhei no Concurso de Vídeos da Sky de 1 minuto. Abri o bichinho e não sabia nem ligar. Depois, pela internet, descobri o manual em português e dai, consegui dar meus primeiros passos...
Que coisa a tecnologia agora é cabo para cá, cabo para lá...Atrás do meu PC mais parece uma teia de aranha gigante. Vários conectores, plugs, sem contar o “T” utilizado para conectar vários cabos. Se todos esses fios resolvessem nos laçar, não conseguiríamos nem ficar com um olho aberto..Ainda bem que quase tudo tem manual e não está em chinês.
Agora, além de controles remotos, temos mais cabos e mais manuais. Isso faria o homem neolítico pensar “- Eu sou mesmo um bronco”. Mas se ele pensasse assim morreria sem saber que ainda matamos por causa de um pedacinho de terra, principalmente por outra descoberta moderna: o petróleo.
É importante pensar que todos esses chips só funcionam se tiver energia elétrica, talvez o melhor dos adventos e de forma preocupante, usada excessivamente, retirando do já carente meio, seus recursos.
Fico imaginando como seria contado o “Mágico de Oz” no futuro. Provavelmente a garotinha Dorothy não teria sua casa arrastada pelos ventos do Kansas até Oz, mas seria chipstransportada por acidente virtual. O homem de lata seria um ciborg que não deu certo e foi descartado pela sua holding, o espantalho seria uma peça de um museu agrícola que mostrava como o homem espantava pássaros no passado. As bruxas seriam avatares de estrelas de cinema frustradas, já que qualquer um poderá ter 1 minuto de fama e sendo assim para quê pop star? Enfim, o mágico seria aquele que teria o monopólio de todas as fontes digitais, até das assinaturas digitais e sendo assim, ele que produziria a história. Porém, talvez o leão sem coragem de enfrentar a vida sem tecnologia, ganhasse fôlego quando descobrisse que se extinguiria, como o Neanderthal, e enfrentaria a poderosa rede, mudando a história...
Agora é fácil prever o futuro, por isso as cartomantes estão perdendo status...
Perdemos a flecha e ganhamos cabos e condutores...Isso ajudou a ver o mundo que antes só tínhamos idéia, porém tudo isso está construído sobre as termoelétricas que dependem de um artigo rústico e mais primitivo que o Homus faber: a água. Aliás, antes do petróleo fazer sucesso, foi ela que definiu territórios.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cigarro X Eu: Geralmente um é eliminado

Hoje o dia foi inteiro chuvoso e isso deu uma sensação de aconchego. Estou tentando me envolver em atividades físicas, sempre fui amantes de músculos expressivos, mas cá fico olhando para meu limite: O cigarrinho...
Acho que lembro mais ou menos como nosso casamento começou. Primeiro, via comerciais do Holywood é um sucesso na puberdade (Ô fase difícil). Pareciam doces provas de força onde nós, nos auto-afirmávamos. Depois foi a inserção dentro do grupo de colegas. Uma forma de dizer “- Eu sou forte” quando o psíquico estava cada vez mais em crise. Nessa fase a gente quer ter tudo, de preferência na hora, não entende a arte da espera. Não somos muito sofisticados na primeira década de vida.
Lembro-me que só segurava o cigarro na boca e tinha a certeza que estava fumando. Até que uma colega, inconformada, depois de cinco meses de meu hábito, disse: “ – Mas você não está fumando, nem traga”. Me desesperei . “ – O que é tragar? Eu não consigo”. Não sei quando, consegui. Fumava qualquer cigarro e não entendia quando as pessoas diziam que fumar matava, adolescente se sente um touro. Bem, talvez seja porque o pulmão no início da vida tenha mais ar...e cigarro seja uma linguagem, a mesma que muitos não conseguem ter com os pais depois que saem das fraldas...
Incrível como a mídia sempre fala a linguagem que o jovem entende e paralelamente, educadores decoram textos de Descartes e Montesiori para falar com todos, menos com o adolescente.
Fazem o pobre achar sentido nas Sintaxes gramaticais, nas análises morfológicas ou nos Binômios, nos polinômios e etc. Porém, esse mesmo jovem entende melhor uma bela propaganda com som de rock ao fundo, com pessoas jovens como ele, fazendo algo interessante. Nesse ponto, a mídia é mais do que sacra, é uma intérprete e é melhor do que qualquer adulto com canudo...Adolescente só tem a lógica da estética e da corporeidade, o resto é tentativa de auto-disciplina para se agregar ao grupo maior, que é o do resto da sociedade.Minha queixa sempre foi a de que deveriam ensinar nas escolas as pessoas a serem felizes. Coisa básica mas que ninguém sabe. Se as pessoas fossem felizes mesmo que aprendessem a fumar, logo desaprenderiam. Já pensou se todos fôssemos felizes? Acabam as guerras urbanas e as doenças sociais. Todavia, felicidade parece ser muito mais complexo que uma fórmula de báskara. Porém, e se estudássemos budismo?
Há muito o cartesianismo domina casas e escolas e não percebe que há tempos perde para mídia que possui uma lógica mais eficiente.
Mas, voltando ao cigarro, depois ele começou a ser um alívio para a solidão, as carências e a participar de minha vida. Segundo Freud, a fase Oral ou a da succção nos remete de volta ao seio materno, onde tivemos contato com nosso primeiro prazer...Penso que Freud está certo, a gente fuma no inicio por uma questão psicológica e se mantém no vício porque, obviamente, as carências antigas continuam ou porque construímos outras. Temos medo de algo e isso é tudo...
Fico pensando o que faria se parasse de fumar. Quem eu seria? O cigarro agora faz parte de minha imagem interior.
Ele alivia partes dos problemas emocionais, mesmo criando problemas físicos. Porém, as vezes é necessário que um problema físico seja criado para entendermos melhor o tamanho das coisas e dos problemas.
Agora os tempos mudaram. Não incentivam mais o jovem a fumar pela TV. Por que será? Deixaram o cigarro na condição de brega. Particularmente, também acho horrível e nada romântico o cheiro que fica nas roupas, nos lençóis e na boca..
Passa pela minha cabeça lutar contra todas essas carências, me divorciando desse hábito, mesmo acreditando que charutos e cachimbos, iguais aos de Freud, são infinitas vezes mais hediondo e fedidos....Gostaria de poder imaginar como eu seria se nunca tivesse fumado...Tive muitos conflitos, mas não imaginei que o cigarro seria um.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O espelho da rua das Begônias


Quem ainda não se olhou no espelho? Quem não é escravo do espelho?
Interessante que olhamos para ele quando sabemos que teremos que olhar para alguém depois.
Como somos nós que olhamos para ele, também somos nós que tecemos juízos sobre o que vimos. Embora ele seja um autêntico aliado na luta estética e psíquica, ele também é um objeto multilateral. Jamais ele diria à alguém: " - Você é linda mas existe uma Branca de Neve mais bonita ainda". Se isso fosse verdade, provavelmente a raça humana caminharia somente com o sexo masculino.
A construção da imagem do espelho é sempre reflexo. Recebemos raios luminosos que percorreram uma trajetória angular e nada há por trás de um espelho do que o que buscamos ver..
Mas, quando saímos de casa, precisamos enfrentar mais do que ruas e asfaltos, precisamos enfrentar a retina do olhar dos outros..Homens, mulheres, rivais na disputa pela sobrevivência onde o encantamento vem da estética. Sempre nos miram ou nos fitam..
Narciso morreu pela imagem refletida nas águas e nós morremos quando o espelho nos engana e quando não conseguimos reconhecer que, depois dos trinta, é preciso pagar mais para reajustar algumas partes de nós que se deterioram..
Sob rígidas ordens da aparência nos mutilamos. Alguém faz cara de tesão ao depilar a virilha? ao modelar sobrancelhas? Ao puxar e puxar cabelos para fazer chapinha? Ao tirar cutículas?. E quantos formol e amônias já inalamos dizendo "- Tá tudo bem é só uma químicazinha". Sem dizer naquele docinho cruel que nunca poderemos comer, só ver em todos os lugares por onde passamos. Creio que um dia alguém disse: "- Vai para a terra, sofra mas seja bonito"
Doravante, ontem paguei por um alisamento de cabelos, está na moda e é imensamente aprovado pela retina alheia.
A moda é fato que se repete, possui o pecado original do retorno. No entanto, é o cerne do julgamento. Nossa visão é míope sem a moda.
As boas normas da aparência nos fazem perplexos ao ver fotos Bridget Bardo aos vinte anos. Aliás, acho que o inventor da primeira máquina fotográfica era um sádico. E medíocremente excluímos de nossos sensos, belos corpos já vividos e de todas suas significantes fases, apenas a dos vinte nos é plausível.
Na década de 70, havia a rebeldia transviada, Gal Costa gostava de exibir cabelos armados, porém, agora é novo ciclo. E no final das contas, cabelos lisos nos dão a impressão de "tudo certinho" e parece que revolução política não é bem o point do sec. XXI ...
Construímos nossa imagem de acordo com os olhos de nossa cultura e vivemos a ditadura da estética monolítica..Antes de nosso primeiro namorado ou cúmplice, constituímos uma sólida relação que não tem chances de divórcio, salvo em casos de depressão nervosa, com a estética..nossa alma gêmea sempre será a outra diante de nossa aparência mutante e paradoxalmente, repetitiva... Não obstante, o reconhecimento de nossa própria imagem nos é quase impossível até porque sua construção não foi feita exatamente por nós.
Agora sinto que os olhares que me dirigem nas ruas está bem diferente e realmente tenho dó de quem não tem R$ 600,00 para uma Escova Definitiva.
Assim, a coisa corre..enquanto podemos, a gente faz um ajuste aqui outro lá, aprende que agora é preciso que a pele realmente descanse à noite, que esportes fazem toda a diferença e que um dos projetos de vida é fazer uma caderneta, intocável, de poupança, para defendermos uma plástica corretiva. Dessa forma, também estamos colaborando com nosso aliado, o espelho e encarando com mais calma o olhar totalmente decifrável do outro.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Oma Edwirg Schultz


Bem, nesse diário, eu gostaria mesmo de dizer muito e tenho muito para contar. No entanto, sabem como é? Tem coisas, mesmo reconhecidamente toscas, que nunca devem ser ditas. Se ditas, negadas.
Escrever é uma entrega moral. Mesmo que não atentemos contra a Lei Magna, que não façamos mal à ninguém, podemos sofrer o calvário tal qual as bruxas medievais, que em sua maioria nem eram bruxas. "O inferno é a retina ignorante do outro"
Um colega hoje me ligou e disse que achou interessante a história de meu avô contada em minha última postagem. Então agora irão partes da história da minha avó paterna, aquela que me ensinou a andar e me dava chocolates escondido dentro da igreja. A história dela não é muito alegre, mas pelos filmes que fazem sobre as décadas do período de guerra, poucos viviam com alegria..
Minha avó veio para o Brasil casada, com cinco filhos da cidade de Keslin, Alemanha. Atualmente essa cidade não existe mais, provavelmente o território foi incorporado pela Polônia..
O que sei vem de fontes como de minha tia Gertrud (também falecida) e como era a mais velha do grupo de filhos, tinha lembranças mais significantes.
Ela relatou que a viagem de navio da Europa foi muito difícil. Um dos filhos de minha avó morreu de tifo no navio e foi jogado ao mar, como um outro no decorrer da viagem. Chegaram ao Porto de Santos e minha tia Gê disse ter se aterrorizado com imagem de um forte homem negro, porém ele carregava um cacho de bananas e ela disse que quando ele lhe ofereceu uma e ela provou, não parava mais de comer a fruta. Na verdade, ao menos os filhos da família, nunca tinham visto pessoas negras e muito menos bananas tropicais. Adoraram o doce da fruta e adoraram conhecer a pluralidade de pessoas existentes no nosso mundo.
Voltando à história da Oma (avozinha em alemão), toda sua família aqui no Brasil se estabeleceu. Tinham esperanças de conseguirem pequenas fortunas, mas a verdade é que só trabalharam e muito e não tiveram mais do que amizades com outros alemães. Não conseguiam fazer negócios e nem negociar a própria força de trabalho.
Com o tempo, meu avô, ex combatente de guerra, enlouqueceu e alcoólatra, foi expulso de casa. Minha Oma contava aos seus que numa ocasião sua mãe chegara a mandar passagens de navio para a volta. Mas só mandou para ela e seus filhos. Não mandou para ele. Então, ela teria mostrado as passagens para ele e dito que iria embora. Mas, ele começou a chorar, pedir perdão e na primeira chance de vulnerabilidade da Oma, tomou-lhe as passagens e as rasgou. Ali estava selado o destino de vovó e seus filhos no Brasil. Ela foi obrigada a ficar já que sua mãe não podia comprar novas passagens.
Ela e sua mãe trocavam cartas e ela sempre ficava feliz ao esperar as cartas de sua família alemã. No entanto, na metade da década de 40, as cartas pararam. Ninguém mais escreveu. E essa era uma de suas amarguras. Sem dizer de um irmão que tinha e que não esquecia sua morte. Nesse dia, ainda na Alemanha, durante a 1ª Grande Guerra, ela o esperava para o almoço na porta, não era seu parente mais querido, mas foi a imagem que permaneceu na memória por mais tempo. Esperando-o na porta ela o via andar em sua direção até que uma bomba explodiu bem onde ele estava. Ela disse que não entendeu nada. “- Como as pessoas podem partir assim? Ele só queria chegar em casa”.
No curso aqui no Brasil, Oma também sofreu por não aprender falar português. Numa ocasião, ela disse, que teria ido a um dentista e esse tentou estuprá-la.
Ela era uma mulher pequenina, não tinha mais do que 1.55 m e não entendo como coube tanto sofrimento em pouca extensão de corpo.
No final, ela contraiu Alzheimer e ironicamente acho que ela era feliz, quem não gostaria de voltar aos seus momentos felizes de infância se os momentos do presente não são tão interessantes? Ela teve a doença. Saia escondido da casa de sua filha eleita, Annelise, andava pelo bairro Quarto Centenário em Campinas e dizia que era porque sua mãe a chamava. Ela via a neve e um belo parque de diversões. Dizia que iria escorregar mas tinha que ser logo pois sua mãe a esperava.
Lembro-me de estar na primeira série do Ensino Fundamental em 1976, quando meu irmão Vitório chegou lá para me buscar, era porque Edwirg Schultz, havia falecido.
Ela ficou ao lado de todos até o final, mas só ela deveria saber o tamanho da saudade e da privação.
Eu gostaria que existisse realmente reencarnação. Assim ela nasceria de novo e teria mais chances de ser feliz.




Notas: A doença de Alzheimer é responsável pela deterioração progressiva da atividade intelectual, da memória, do raciocínio, da linguagem, do juízo crítico e da coordenação motora. Ela pode atingir pessoas de 40 a 90 anos, mas fica mais freqüente a partir dos 60 anos. Na maioria dos casos a falha de memória é o primeiro sintoma. Sabe-se que há alguma influencia hereditária, mas isso não garante que a pessoa vá desenvolver a doença. Apesar de não ter cura é muito importante o diagnóstico precoce porque no inicio da doença existe a possibilidade de se experimentar novas drogas mais eficazes que estão sendo testadas pelos cientistas do mundo inteiro. As principais vítimas são as mulheres numa proporção de dois para um.
Extraído do site: http://www.paranaclinicas.com.br/previnildo.php/previnildo.php?notid=7

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Meu pai não foi hippie


Estou aqui fazendo múltiplas tarefas ao mesmo tempo, sem conseguir significante organização (isso não é bom). Organização é um artífice muito complexo e quase nunca dei conta, teria eu algum tipo de retardo? Mais essa!
Hoje vi um retrato antigo de meu pai. No retrato ele estava com alguns homens de bicicleta, no período onde os aros eram os must e ele parecia ser feliz. A família dele veio da Alemanha, na época da 2a Grande guerra e sofreram muito aqui no Brasil.
Começando pelo meu avô, pessoa que pertenceu ao exército alemão, que perdeu seus dedos da mão com bombas e que nunca viu o sentido na vida, depois que descobriu que entre morrer de fome em campos estéreis ou morrer de tiro de canhão, não tinha diferença substancial..Quando veio para cá, tornou-se carpinteiro (e dos melhores) mas não resolveu seu problema existencial. Decidiu parar de lutar contra esfinges e resolveu se entregar. Tornou-se alcoólatra. Diziam que um péssimo marido e também não era seu próprio melhor amigo. Foi encontrado morto numa pensão de quinta categoria, enforcado. Alguns disseram que foi suicídio (a última honra?) mas a sua época era bem tumultuada. Getúlio Vargas, que em princípio apoiou alemães na década de trinta, depois os perseguiu abertamente...
Seu nome era Felisbert e, infelizmente, não restaram muitos para lembrar de sua história. Provavelmente, ele foi uma criança com muitos sonhos e com muitas peripécias mas todos nós temos que, cedo ou tarde, enfrentar o enigma e quase todos nós somos devorados por não decifra-lo em tempo record.
Não obstante, meu pai, trabalhava demais. Muito trabalho para quem nasceu doente, teve tuberculose na puberdade e não tinha projeção de vida madura. Ele era do tipo envelhecido pelo excesso de atividade e de pouca saúde. Tudo que ele queria acho que era sustentar e manter sua família: Três filhos, sendo que minha irmã mais velha se foi aos vinte e sete anos..Ele lutou muito para fazer a casa onde nós morávamos, que na época parecia ser pequena com quatro quartos e hoje tornou-se grande demais, sendo apenas habitada por minha mãe.
Acho que as coisas eram difíceis para todos até a década de 80, onde não haviam facilidades alguma de créditos, nem reconhecimento humanístico de trabalho..Bem, ele fez o que todos os pais da época faziam..Se tivesse sido playboy ou hippie, talvez sobrevivesse, mas tenho dúvidas se teria decifrado o enigma existencial, pois querendo ou não, estamos amarrados à nossa época e costumes, tecendo sempre projetos com objetivos em grupo...
Salvo na infância, nunca tive um bom relacionamento com ele. Não tinha diálogo e eu acreditava, que não sabia como falar com ele. Não era uma questão de idioma e nunca encontrei a explicação concreta para isso. Acho que eu e ele precisávamos de uma segunda chance a partir do zero. Porém, sabemos que, nesse plano, zero não existe.
Na sua época de pai responsável, ele tinha muitas dívidas, porém, o fato é que quando meu pai quitou todas as dívidas, se aposentou e conquistou seus bens pretendidos..ele partiu. Será que o que mantém a gente aqui é o trabalho para se fazer dívidas e depois consumir ? Essa é a incógnita do século. Mas, pelo menos agora tem a second life e quem sabe possamos achar uma resposta prazerosa..

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Maysa, a série

Há duas luas cheias, a série Maysa da Globo mostrou a cena onde o André Matarazzo, ex marido da cantora, morreu. Embora separados, ela disse quase poeticamente: “ Foi o dia mais triste de minha vida”
Pode ser que Erich From estava certo quando diz que só entendemos a extensão do amor quando perdemos o Ser que estava fisicamente próximo.
Também já fui oficialmente casada, felizmente eu e meu ex-marido, ainda mantemos boa amizade, embora tenha certeza que ele mantém muita mágoa de mim. Não posso dizer que eu o ame enquanto homem, mas tem algo nele, meio que cósmico, talvez afinidade, que sempre me atraiu...
Faz 11 anos que não moramos mais na mesma casa e que não temos nada mais além de alguma conversação, mas seria um peso enorme se não pudesse mais saber dele...Interessante, eu sempre o julguei como um utilitarista, alguém que vivia o básico, pouco arriscando, mas, ao final, pelos efeitos de comparação, típicos de quem já conviveu com outras pessoas que não eram espelho, acho que ele é uma nobre pessoa..
Finitude é algo que nunca pensamos, pois nossas células não foram projetadas para isso, iremos querer viver até o último instante...Ninguém sabe quem morrerá primeiro e se realmente existe algum grupo que não seja de risco...O difícil é sempre conviver com o que falta, mesmo que tenhamos muito...Procurar numa multidão, que se movimenta, o que não existe mais é mais do que dor , é entender que agora tanto faz...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

E o IPVA levou...

Estou de férias, mas, como quase todos os dias, o telefone me acordou às 9:00 horas, era a Mara, vendedora de roupas e queria um horário para passar e receber...Uma hora depois, toca novamente o telefone e era do local onde o micro-ondas estava em conserto e a empresa queria entregá-lo (felizmente, este já estava pago). E alguns minutos depois toca o telefone novamente e era o dentista querendo confirmar o horário de amanhã . Depois batem palmas lá fora e querem saber se poderiam recolher meu entulho da calçada por $10,00, caso eu quisesse fariam na hora e eu concordei.

Irrito-me com essa alternância entre fone e porta quando estou em casa. Tudo devido às chamadas “obrigações” e temos tantas que é quase uma piada dizer que temos férias.

Obrigação ou lei moral; encargo; compromisso; imposição de

consciência é o que mais fazemos.

Assim me pergunto o que sobra além disso? Talvez nada, talvez o prazer esteja apenas em sentir a missão cumprida de partes das obrigações cumpridas..Isso pode ser uma falácia, mas é o que sinto..

As obrigações não são apenas IPVA do início do ano, cuja taxa é cobrada de carros com até 20 anos de existência, variando conforme ano e modelo. Não levando em conta que todos os carros, até os acima de 20 anos, utilizam as vias de rodagem...

As obrigações são também criar filhos, se ver responsável por eles até que seu tempo nesse planeta se esgote..Até os cachorros são obrigação sua.

Você é obrigado a muitas coisas e não há muito do que escapar. Obrigação é algo que apenas se multiplica conforme a soma das idades e, apenas com o tempo, nos conformamos com ela...

Doravante, “responsabilidade”, ou seja, responder por algo, não sei se realmente as pessoas assumem essa postura, mesmo sendo obrigados..

Meus filhos crescem, não dá forma novelesca, mas sendo impulsionados à independência (ou à pseudo-independência) e isso os relega à chamada “rebeldia juvenil”. É difícil lidar com a situação embora eu esteja sempre tentando.

Na adolescência parece que tudo é contestado, mal sabendo que no futuro a maturidade nos faz aceitar 90./. das situações, sem crises ou neuras..

Eu tive uma adolescência que julgava, na época, ser terrível. Acreditava piamente que meus pais eram os piores: Falta de liberdade, escândalos (minha mãe era um tanto quanto geniosa), gritos, xingos, bofetões. No entanto, conheci muitos, cujas famílias não os limitaram com regras e os excluíram.

A evolução do trabalho nas ultimas décadas teve seu preço: a transformação do Ser em mercadoria, a separação dos membros de uma mesma família para que pudessem trabalhar e a isso chamaram de independência. Todos acreditaram que esta independência traria felicidade. Todavia a desumanidade se instaurou..Provavelmente esse cenário mude logo porque as perdas estão cada vez mais significativas...

Eu carrego muitas culpas na criação de meus filhos.. Quando fui trabalhar, cumprir minha obrigação, outros acompanharam seus desenvolvimentos, mas não eu.. Assim, qualquer doença que eles contraiam me tornaram vilã de meu próprio DNA. Agora tenho consciência de culpa e me calo quando me proferem um palavrão, coisa que se eu tivesse dito à minha mãe, em minha época, claro que não teria mais os dentes...

Bem, a culpa é o que nos sobra quando nem todas as obrigações são devidamente cumpridas e me deixa reflexiva saber que eles ainda irão pagar IPVA um dia..Será que o governo, depois de ter criado o 13o salário na Era Vargas, se arrependeu e criou o IPVA??

domingo, 11 de janeiro de 2009

Reeducação alimentar já!


Fiz uma nova viagem para Maresias. Cheguei ontem às 23:40 h e agora são 2:52 h. Resolvi escrever pois me sinto na obrigação, mesmo que ninguém leia essa página ou todas de meu ínfimo diário...
Vim morrendo de medo de meu carro, embora novo, podia quebrar...Também tive muito medo do Sr Sono, aliás, estou com muito, mas estou resistindo bravamente para escrever nesse momento...
O que seria o corpo se não ultrapassássemos seus limites? Como o conheceríamos? Muitas vezes optamos em desrespeitá-lo, não ouvindo-o...
O corpo sempre fala baixinho dentro de nossos limites da comunicação: “ – Estou cansado, me deixa repousar pelo meu próprio tempo”.
Temos várias idades: A idade registrada no cartório, a idade que dizemos ter, a idade biológica, a idade psíquica, a idade idealizada, a idade aparente e a idade do corpo.
O psiquiatra Jairo Bouer usa o termo “adultecente” quando os adultos, por uma razão confusa, não querem crescer totalmente...Será que seria mais um artifício para a perpetuação da espécie? já que organismos “maduros” estão deixando de procriar fisicamente?
Viajar pelas Serras faz a gente ver matas solitárias, mares selvagens, cuja a idade pouco importa, por isso é sempre desconhecida ao seu observador.. Todo esse panorama é mais antigo do que nós e sobrevive aos nossos mosquetes há séculos..
Florestas e oceanos são muito mais fortes do que nós e sobreviverão depois de nós...
Mas, deixando a dialética das forças de lado, cheguei em casa e encontrei “caca” de meus dois cachorros Yorkshire pela casa toda. A Letícia ajudou na limpeza. O cheiro era intoxicante..Essa raça é considerada nobre e a estética é ímpar. São também considerados uma espécie inteligente...mas, podem acreditar: Fazem caca como qualquer outro vivente que se alimenta e depois precisa se livrar dos seus fluidos no meio ambiente..Parece que a natureza é deveras democrática.
Creio que uma reeducação alimentar possa fazer bem à Yorks e a humanos: Os primeiros teriam fezes menos mal cheirosas e os segundos, talvez tivessem um olhar mais compreensível para si mesmos..