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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

E o IPVA levou...

Estou de férias, mas, como quase todos os dias, o telefone me acordou às 9:00 horas, era a Mara, vendedora de roupas e queria um horário para passar e receber...Uma hora depois, toca novamente o telefone e era do local onde o micro-ondas estava em conserto e a empresa queria entregá-lo (felizmente, este já estava pago). E alguns minutos depois toca o telefone novamente e era o dentista querendo confirmar o horário de amanhã . Depois batem palmas lá fora e querem saber se poderiam recolher meu entulho da calçada por $10,00, caso eu quisesse fariam na hora e eu concordei.

Irrito-me com essa alternância entre fone e porta quando estou em casa. Tudo devido às chamadas “obrigações” e temos tantas que é quase uma piada dizer que temos férias.

Obrigação ou lei moral; encargo; compromisso; imposição de

consciência é o que mais fazemos.

Assim me pergunto o que sobra além disso? Talvez nada, talvez o prazer esteja apenas em sentir a missão cumprida de partes das obrigações cumpridas..Isso pode ser uma falácia, mas é o que sinto..

As obrigações não são apenas IPVA do início do ano, cuja taxa é cobrada de carros com até 20 anos de existência, variando conforme ano e modelo. Não levando em conta que todos os carros, até os acima de 20 anos, utilizam as vias de rodagem...

As obrigações são também criar filhos, se ver responsável por eles até que seu tempo nesse planeta se esgote..Até os cachorros são obrigação sua.

Você é obrigado a muitas coisas e não há muito do que escapar. Obrigação é algo que apenas se multiplica conforme a soma das idades e, apenas com o tempo, nos conformamos com ela...

Doravante, “responsabilidade”, ou seja, responder por algo, não sei se realmente as pessoas assumem essa postura, mesmo sendo obrigados..

Meus filhos crescem, não dá forma novelesca, mas sendo impulsionados à independência (ou à pseudo-independência) e isso os relega à chamada “rebeldia juvenil”. É difícil lidar com a situação embora eu esteja sempre tentando.

Na adolescência parece que tudo é contestado, mal sabendo que no futuro a maturidade nos faz aceitar 90./. das situações, sem crises ou neuras..

Eu tive uma adolescência que julgava, na época, ser terrível. Acreditava piamente que meus pais eram os piores: Falta de liberdade, escândalos (minha mãe era um tanto quanto geniosa), gritos, xingos, bofetões. No entanto, conheci muitos, cujas famílias não os limitaram com regras e os excluíram.

A evolução do trabalho nas ultimas décadas teve seu preço: a transformação do Ser em mercadoria, a separação dos membros de uma mesma família para que pudessem trabalhar e a isso chamaram de independência. Todos acreditaram que esta independência traria felicidade. Todavia a desumanidade se instaurou..Provavelmente esse cenário mude logo porque as perdas estão cada vez mais significativas...

Eu carrego muitas culpas na criação de meus filhos.. Quando fui trabalhar, cumprir minha obrigação, outros acompanharam seus desenvolvimentos, mas não eu.. Assim, qualquer doença que eles contraiam me tornaram vilã de meu próprio DNA. Agora tenho consciência de culpa e me calo quando me proferem um palavrão, coisa que se eu tivesse dito à minha mãe, em minha época, claro que não teria mais os dentes...

Bem, a culpa é o que nos sobra quando nem todas as obrigações são devidamente cumpridas e me deixa reflexiva saber que eles ainda irão pagar IPVA um dia..Será que o governo, depois de ter criado o 13o salário na Era Vargas, se arrependeu e criou o IPVA??

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