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sábado, 23 de agosto de 2008

Um nome para chamar de teu...


Coisa trabalhosa, especialmente quando em sete anos já é a sétima mudança....
As vezes até penso que "sou de lugar algum", como dizia a música dos Titãs.
O difícil da mudança nem é tanto o trabalho de encaixotar, desencaixotar, cortar mãos e acomodar todos...
Mas é perder um monte de coisa, pois o cérebro não acompanha a velocidade do tempo que nos espreita...
Bem, perdi meu RG e esse bendito papel é o que nos rege socialmente...
Sem RG, não podemos ir aos bancos, comprar a crédito, ir a alguns lugares e ainda nos olham como se fossemos "fantasmas vivos", não diria zumbis, pois estes são muito mais feinhos...
Sabemos nossos nomes, temos ideia de tudo que já fizemos, desde os três anos de vida, mas nada adianta se o papel plastificado não confirmar....
Deveriam encontrar forma mais prática de nos identificar, assim como um chip ou uma impressão de polegar digital ou deveriam nos chamar de X, WY ou XC, mas preferem o papel, que inclusive pode ser falsificado...
Também gostaria de saber se é o nome que me faz ou eu quem faço um nome?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

July

Enfim mudei de casa e mudança realmente é trabalho braçal, atinge nossos limites físicos e emocionais...
Além do trabalho, quase sem fim, chuveiros não costumam funcionar de imediato, lâmpadas se quebram, parafusos de camas somem e cachorros Yorkshires, como a nossa July, escapam por um pequeno espaço da porta, entre-aberta, e a gente só percebe quatro horas depois do ocorrido.....
Ai, além de todas as ocupações em casa, no trabalho, nos bancos que aguardam, contas à serem pagas, ainda temos que parar o que fazemos para procurar uma cachorrinha e esse é um dever moral necessário, principalmente vendo a Letícia passando a noite chorando...
Eu dizia para a Letícia que animal é assim mesmo, que o unico que conseguiu se auto-trancar atrás de paredes e espaços curtos foram os humanos e sofrem por por isso...
Na extensão da lógica do cadeado ou da propriedade privada, os humanos, também privam pássaros, gatos e cães de liberdade, aliás, a raça humana, parece perita em escravizar.
A cachorra não escapou, ela apenas queria ocupar partes do espaço vital que existe na terra, ela não tem que seguir convenções e nosso vão desejo de posse, legado de ações egoístas, é o que de fato nos faz sofrer. Será que só conseguimos amar aprisionando???
Porém, a Letícia não se convenceu muito com minha argumentação e continuei a procurar a July. Disseram que não a encontraríamos mais, mesmo assim, distribuímos cartazes, conversamos com muitos. Doravante, graças à gentilezas de pessoas cooperativas, ricas no âmago do Ser, reencontramos a July, com uma pessoa maravilhosa, que já tinha até dado banho, tosa..etc..
A cachorra estava tão bem que temi que não quisesse voltar.....
Tudo resolvido, agora volto a fazer as arrumações e tentar dar conta de todas as atribuições diárias, dessa vez, tendo que prestar mais atenção nas portas entre-abertas, por elas podem passar meu mundo.
Agora, a Letícia sorri...
E eu também, mesmo não entendendo porque a humanidade tem desejo arquétipo de pegar para si aquilo que, esteticamente, é considerado bonitinho....

domingo, 3 de agosto de 2008

Ane, a compradora

Hoje, Ane, uma colega, me disse que estava tentando comprar uma tv de plasma à prazo, coisa que nunca tinha feito, pois era do tipo que só comprava quando tinha o valor total do bem...
Porém, nos últimos anos, analisou que já que a vida é curtíssima e os planos de crédito são longos, então talvez fosse o momento de rever seus conceitos...
Na verdade, todos esses planos que possibilitam a aquisição de qualquer móvel ou imóvel, são ferramentas de agiotagem (que nunca teve tão em moda) ...
Quando compramos a perder de vista, pagamos juros que incluem chances remotas de você perder o emprego, se tornar um inválido repentinamente ou morrer..
Do ponto de vista de quem compra por esses meios, a questão é o imediatismo, a ansiedade para se ter o bem de consumo e não de ter que esperar a grana da aposentadoria para tal fim.
Assim, parece que duas partes distintas se encontram, embora nelas existam uma superior e bem mais forte, o comprador e o financiador..
Sempre disse aos meus alunos: "- Matemática é fundamental para sobrevivência"...
Se todos entendessem de continhas de multiplicar e dividir, de tangentes, de área, talvez o capitalismo industrial não tivesse sido fundado...
Com a matemática até o excesso de lixo no planeta diminuiria, tornando a qualidade de vida melhor...
Não precisamos de muito que consumimos diariamente..Por outro lado, precisamos de valores como o bom senso.
Se analisarmos quantas pessoas honestas existem, com certeza são maioria, porém nunca estão em evidência...
Poucos comentam das filas intermináveis das lojas e dos bancos, onde a maioria está é pagando ou fazendo depósitos..Se privam de vários gastos necessários à sobrevivência, para poder manter seus acordos e pactos..
Honestidade é uma obrigação, talvez por isso não notada, sem mérito maiores..
A unica coisa que talvez falte para os muitos honestos, seja a visão prática da coisa, ou seja, não precisam consumir tanto..Precisam apostar mais na própria criatividade, gerenciar seus gastos com menos consumo e ajudar mais as pessoas que não estão em situações melhores...
Minha colega já tem TV, mas quer uma de plasma..Para ter o bendito crédito precisa de referências comerciais, três nomes de onde comprou, três pessoas que possam lhe dar indicação pessoal, CIC, RG e tempo de conta bancária..
Ela se ofendeu por tanta burocracia..No entanto, como comércio trabalha com o público e é impessoal, então ela é somente um número que pode gerar lucro, conforme sua potencialidade..
Na verdade, se ela pensasse melhor, talvez preferiria manter a antiga tv de tubo, que funciona bem e tem uma imagem ótima e o prazer nisso é que ela não deverá nada...
Creio que nos últimos tempos, não existe prazer melhor do que não dever, aliás isso vem se tornando uma odisséia.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Verdade oculta

Hoje houve planejamento na escola e lemos o poema "A verdade" de Carlos Drummond.
Penso que todos se emocionaram ao sentirem-se forçados à uma auto-análise..E toda a vez que fazemos isso, sentimos um misto de dor de reconhecimentos de erros passados e prazer por ter conseguido percebe-los ...
Como estou relativamente poética hoje citaria também Fernando Pessoa que disse: " - Pensar é estar doente dos olhos"..
Nossos olhos são quase sempre externos assim, quando conseguimos sair da miopia de nosso interior, ardemos numa visão que nos coloca em xeque, além das circunstâncias comuns ...
Com certeza, se fosse possível a todos uma visão total do próprio "Eu", o mundo seria mais fraterno, mais solidário...
Por hora, devemos nos contentar com esfínges mitológicas que sempre evitamos decifrar..