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domingo, 25 de janeiro de 2009

Cigarro X Eu: Geralmente um é eliminado

Hoje o dia foi inteiro chuvoso e isso deu uma sensação de aconchego. Estou tentando me envolver em atividades físicas, sempre fui amantes de músculos expressivos, mas cá fico olhando para meu limite: O cigarrinho...
Acho que lembro mais ou menos como nosso casamento começou. Primeiro, via comerciais do Holywood é um sucesso na puberdade (Ô fase difícil). Pareciam doces provas de força onde nós, nos auto-afirmávamos. Depois foi a inserção dentro do grupo de colegas. Uma forma de dizer “- Eu sou forte” quando o psíquico estava cada vez mais em crise. Nessa fase a gente quer ter tudo, de preferência na hora, não entende a arte da espera. Não somos muito sofisticados na primeira década de vida.
Lembro-me que só segurava o cigarro na boca e tinha a certeza que estava fumando. Até que uma colega, inconformada, depois de cinco meses de meu hábito, disse: “ – Mas você não está fumando, nem traga”. Me desesperei . “ – O que é tragar? Eu não consigo”. Não sei quando, consegui. Fumava qualquer cigarro e não entendia quando as pessoas diziam que fumar matava, adolescente se sente um touro. Bem, talvez seja porque o pulmão no início da vida tenha mais ar...e cigarro seja uma linguagem, a mesma que muitos não conseguem ter com os pais depois que saem das fraldas...
Incrível como a mídia sempre fala a linguagem que o jovem entende e paralelamente, educadores decoram textos de Descartes e Montesiori para falar com todos, menos com o adolescente.
Fazem o pobre achar sentido nas Sintaxes gramaticais, nas análises morfológicas ou nos Binômios, nos polinômios e etc. Porém, esse mesmo jovem entende melhor uma bela propaganda com som de rock ao fundo, com pessoas jovens como ele, fazendo algo interessante. Nesse ponto, a mídia é mais do que sacra, é uma intérprete e é melhor do que qualquer adulto com canudo...Adolescente só tem a lógica da estética e da corporeidade, o resto é tentativa de auto-disciplina para se agregar ao grupo maior, que é o do resto da sociedade.Minha queixa sempre foi a de que deveriam ensinar nas escolas as pessoas a serem felizes. Coisa básica mas que ninguém sabe. Se as pessoas fossem felizes mesmo que aprendessem a fumar, logo desaprenderiam. Já pensou se todos fôssemos felizes? Acabam as guerras urbanas e as doenças sociais. Todavia, felicidade parece ser muito mais complexo que uma fórmula de báskara. Porém, e se estudássemos budismo?
Há muito o cartesianismo domina casas e escolas e não percebe que há tempos perde para mídia que possui uma lógica mais eficiente.
Mas, voltando ao cigarro, depois ele começou a ser um alívio para a solidão, as carências e a participar de minha vida. Segundo Freud, a fase Oral ou a da succção nos remete de volta ao seio materno, onde tivemos contato com nosso primeiro prazer...Penso que Freud está certo, a gente fuma no inicio por uma questão psicológica e se mantém no vício porque, obviamente, as carências antigas continuam ou porque construímos outras. Temos medo de algo e isso é tudo...
Fico pensando o que faria se parasse de fumar. Quem eu seria? O cigarro agora faz parte de minha imagem interior.
Ele alivia partes dos problemas emocionais, mesmo criando problemas físicos. Porém, as vezes é necessário que um problema físico seja criado para entendermos melhor o tamanho das coisas e dos problemas.
Agora os tempos mudaram. Não incentivam mais o jovem a fumar pela TV. Por que será? Deixaram o cigarro na condição de brega. Particularmente, também acho horrível e nada romântico o cheiro que fica nas roupas, nos lençóis e na boca..
Passa pela minha cabeça lutar contra todas essas carências, me divorciando desse hábito, mesmo acreditando que charutos e cachimbos, iguais aos de Freud, são infinitas vezes mais hediondo e fedidos....Gostaria de poder imaginar como eu seria se nunca tivesse fumado...Tive muitos conflitos, mas não imaginei que o cigarro seria um.

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