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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A rotina e seu irmão gêmeo: O hábito

Um time de basquete veio ocupar partes da área de minha escola. Mas que coisa! Colchões ao chão, um único chuveiro funcionando, sem tv e eles irão ficar. Pergunto se os técnicos não deveriam dizer: Assim meu time não joga nem amistoso. Porém, tudo é "conformável". As pessoas aceitam o que julgam ser maiores do que elas, ou seja, a estrutura antiga. Por outro lado, poucos percebem o sofrimento alheio, porque sofrimento só é real se existe na própria pessoa. Desconforto alheio não existe. E as pessoas caminham mais se esquivando do que poderiam enfrentar, mais fingindo viver do que vivendo...A vida as vezes é uma fraude, pois não acontece e parece que apenas o que não acontece, existe.
Estamos regredindo à postura de animal solitário. Aquele que nem é político, mas quase político, se mascara bem para a vizinhança para ter paz. Daqui a pouco irão querer o prêmio nobel por qualidade de máscara...
Eu penso que durante as décadas de 60 e 70, tivemos ênfase maior ao coletivismo e às atitudes solidárias, havia união política..
Todavia, aos poucos, a TV colorida nos reportou às nossas próprias sensações, nos fez acreditar que apenas do "eu" sairia o mundo...As pessoas se fecharam em casas, depois em quartos e agora numa telinha de celular MP4..
Não penso que devemos viver protestando politicamente ou fazendo greves, porém penso que estamos nos esquecendo, perdendo o Arqué coletivo...
Se todos dissessem: Não iremos fazer isso ou aquilo e cruzassem os braços, óbvio que a situação teria que melhorar...Se alguém dissesse: Não irei viver assim, não me conformo com isso, poderia se tornar um exemplo.
Todavia, gostamos da rotina, parece que ela nos dá segurança e tudo que é contrário parece ser ameaça...
Não imaginamos que abaixo de nossos pés a terra arde, vulcões imensos se formam, terremotos se aproximam...E a ironia é que, mesmo se soubéssemos, esqueceríamos minutos depois por força de outros hábitos..
Acostumar-se não é uma boa habilidade para seres humanos. Deveríamos estudar biologia para entender que os únicos dinossauros sobreviventes foram os que mudaram seus hábitos, mudaram inclusive seus paladares. Comeram até o que não era digerível, numa atitude extra de manter os músculos funcionando, mudaram de ambiente, porque pressentiram que a água farta ali, iria acabar em breve..E se alguém estudasse história, veria que os unicos milionários durante a queda da bolsa de N. York, na década de 30, foram os que formaram associações, os que investiram em produtos que ainda nem se conhecia..Isso, a vida é o risco do novo.
Parece que a maioria só se movimenta se sentir dor, mas não qualquer dor suportável, só aquela que é mais forte que nossa vaidades... A dor insuportável é a que parece nos tirar da rotina e enquanto ela não for assim, parece que a toleramos amigavelmente.
O hábito é um péssimo costume e é ser inútil para si mesmo..

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