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domingo, 26 de julho de 2009

O amor de inteiros na Ásia


Não sou casada com o pai do bebê que irá vir e nem iremos nos casar. Isso porque, tanto eu como ele, após anos de divórcio de casamentos anteriores, estranhamente, aprendemos a viver sozinhos..

Houve um tempo em que se acreditava que o amor era a união de duas metades. Agora acreditamos que é a união de dois inteiros. É óbvio que numa relação, os dois inteiros passam por mudanças, por troca de alguns conteúdos que já tinham, mas, não deixam de ser inteiros, uma vez que já aprenderam a ser inteiros..

Todos nós temos singularidade e manter essa esfera é o que nos impede de nos tornarmos fúteis ou massificados..

Poderia ter tido vários pais, os pais idealizados, porém tendo já conhecido os meus, ainda sentiria falta deles se visse a multidão e ninguém ali fosse eles...

Esse terceiro filho já é diferente dos meus anteriores, mesmo não valendo mais nem menos que os outros..

Minha menina mais velha é um doce, embora extremamente introvertida. Eu acho que quando ela foi para a escola pela primeira vez, esperava o mesmo tratamento que tinha em casa, cheio de paparicações por ser a mais velha, o que não deve ter ocorrido. Dai, ela se fechou demais . Eu sempre tento lhe explicar que socialização é justamente isso, um choque com o que esperamos e um choque com as expectativas que nutrimos. O "outro" ,por vezes, nos é um inferno (como diria Sartre), mas é pelo olhar do outro que sabemos que estamos aqui..

Meu filho do meio já não teve esse problema, se enturmou muito rápido, mas é desatento na escola, pois não a considera tão importante quanto o ato de se divertir..E eu sempre lhe digo que existem coisas que são importantes e iriam definir nossa vida para melhor. Nem sempre essas coisas importantes são as mais fáceis ou aquelas que mais gostamos. Muito do que fará diferença em nosso futuro, não nasceu importante aos nossos olhos, não era belo ou atraente, mas está ali para nos ajudar...Muito do mundo é feito do que não gostamos.
Também questionei muito o papel da escola no desenvolvimento da pessoa, porém, reconheço que ela é um dos passaportes mais viáveis para se chegar onde quiser..

Agora esse terceiro, por enquanto não pedirá mais do que refeições, colos e berços e por onde andará depois é ainda só sonho meu e do pai dele...

Não sei como será essa relação de ele ver o pai de vez em quando, ou, quando o pai puder. Por sorte, o pai mora por perto..

Não temos (ao menos por enquanto) um salário apropriado para montarmos um quarto dos sonhos (nosso) para recebê-lo..Gostaríamos de dar mais materialmente. Doravante, miro o exemplo de minha avó negra Henriquieta. Ela criou 12 filhos, sendo empregada doméstica e seu marido, marceneiro, numa época em que brinquedo de loja era somente para magnatas e todos seus filhos se tornaram honestos e prósperos.. Objetos de consumo sempre perdem o significado. Não é da melhor boneca que nos lembramos nostalgicamente depois que crescemos..
Então, no momento, só queremos o que podemos dar. Podemos dar raízes para que ele se desenvolva e depois ande sozinho, escolhendo seus próprios caminhos, mesmo que seja para depois se despedir da gente porque encontrou um amor na Ásia..Se isso ocorrer, irei então desejar que ele se mantenha, como nós, inteiro para amar..

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