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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dialética mia..

Hoje, Caio, meu filho, foi ao supermercado comigo e pediu mil doces diferentes. Ele só tem 12 anos, sua voz já quer engrossar, mas sempre sou acusada de privilegiá-lo demais a ponto dele ser inteiramente dependente..
Ele tem uma história peculiar. Quando tinha 1 ano de vida, nós o levávamos em um Homeopata..Numa determinada época ele teve gripe..e rapidamente sua situação migrou para uma pneumonia. O médico, avesso às curas alopáticas, medicou o bebê com as famosas “gotinhas”...Só que a pneumonia evoluiu, deu desidratação e ele foi parar num pronto socorro comum, onde o alopata afirmou que “o menino estava morrendo”..O homeopata afirmou, mesmo depois do garoto internado, que ele iria sarar com as gotinhas, era questão de tempo mas o alopata dizia que não havia mais tempo. Por também acreditar que tempo não é muito aliado das crenças humanas, confiei ocasionalmente no alopata.....E hoje, realmente erro muito em não usar minha parca autoridade com ele porque quando olho para ele, vem a lembrança de que eu poderia não tê-lo visto mais..E só quem já perdeu algo para valer sabe o sabor do silêncio.
Para mim ele ainda é um bebê e acho que estou precisando fazer terapia para lidar com isso..
Na velha Europa, na ocasião em que seus países eram inimigos, acredito que se desistiu da guerra, depois que vários filhos foram levados e honra e glória não substituíam o prazer de tê-los por perto..Hoje a Europa é unida e forte e não faz tantas crianças..
Na sociedade dos ratos, a fêmea que chegar a perder filhotes, com venenos por ex, trata logo de fazer vários outros. Mas, nós vivemos com a carga da lembrança, não nos adianta parir outra criança pois uma parte de nossas apostas e de nossa juventude foi decepada.
Convivemos a todo instante com a morte, mas nunca a entendemos. Ela é um tabu e nenhuma teologia ou teoria de reencarnação, a torna próxima. Isso talvez porque a consideramos a antítese da vida.
Não existe nada mais lógico do que a finitude material e é tão irracional não entender a morte..
No livro “A desintegração da morte” de Orígenes Lessa, é mostrado um enredo onde a morte foi desintegrada e as pessoas foram condenadas à viver eternamente aqui na terra. O sonho de cada um se tornou o de encontrar a morte. Hospitais que ofereciam estados de coma induzidos ficaram lotados, porque ninguém queria viver para sempre. No livro, até a idéia de Deus sucumbe porque todos sempre tinham associado Deus ao pós-morte.
Assim, a idéia de vida era o triste no livro de Orígenes...
Enfim, é preciso viver muito para não temer mais a morte. No entanto, não é sempre assim que ocorre, pois a morte não é especifica para idosos.
AS vezes penso que morremos quando não temos mais condições de procriar ou somos fracos demais para isso..
Tudo giraria em torno da procriação...Parece que nesse sentido a natureza nos reduziria a meras chocadeiras...Seria esse o limite do corpo?

Um comentário:

Ciro Margoni disse...

Gostei muito. Até hoje lembro-me da nossa conversa sobre a Roma antiga. Beijos, saudades.
Ciro