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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Dormir é o negócio..

Lembro-me bem das vezes em que me senti desrespeitada. Acredito que estava nas primeiras séries primárias e as professoras faziam coisas do tipo puxar o "rabo de cavalo" de quem conversava ou errava nas contas como eu. Também diziam inúmeras coisas pejorativas e com impacto. Por sorte, meu cérebro escolheu não gravar todas pois já deveria estar completo com o que ouvia em casa. No recreio era outra odisséia, colegas de todas as formas, alguns extremamente agressivos, outros riam de nossas roupas e nos ridicularizavam até por um adesivo mimoso na mochila. Bem, dentro de uma escola, percebi que era onde a verdadeira ditadura da socialização começava e como é doloso tal processo.
Hoje, numa outra unidade, no estágio, óbvio não existem mais puxões em "rabos de cavalos", mas os gritos dos mestres continuam e notei que a ordem de reação dos pequenos é a seguinte: Primeiro conversam ou tentam pular, depois do grito de advertência em público, encostam a cabeça na carteira e tentam dormir..
Dormir, eis nosso melhor dispositivo contra o que não gostamos e não podemos fugir. Dormimos porque é nossa chance de ouro de entrar em "off" e podemos deixar o nosso corpo ali mesmo. Ninguém pode contra quem dorme.
Eu dormi muito durante um casamento que eu questionava, infelizmente acabei prejudicando muita gente por dormir naquela época e disso me arrependo em cada dia que acordo. Ainda durmo quando vejo louça para lavar ou caca de cachorro para limpar...
Com certeza, se não fôssemos socializados, não dormiríamos. Na pré-história o primata que dormisse poderia ser devorado e é antagônico saber que a sociedade pós-moderna reinventou o sono justamente para que o homem não seja devorado demais.
Por outro lado, a não-socialização, talvez nos levasse ao desastre comportamental, muito embora, segundo Freud, a castração social advinda do processo de socialização é o motivo da maioria das neuroses que tanto nos perturbam..
Bem, o sono parece uma substancial defesa espontânea. Mesmo confundido com a preguiça, ele nos permite desligar a máquina para que ela não entre em pane...Nele estamos finalmente longe e sozinhos. Sabemos que ele é só um breve período e que depois voltaremos mais fortes ainda.

Um comentário:

Filosofia e Cinema disse...

Oi Celinha, e quem disse que estamos acordados? :D