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sábado, 13 de setembro de 2008

Gerânios e carvalhos


Nessa casa alugada, para qual me mudei, tinham dois gerânios enormes no jardim frontal...

Porém, eu os olhava e depois de observar muitos jardins, achei que eles eram "bregas" pois estavam desgalhados...Cresciam demais....Não dava uma "visão bonita" ou "pacífica" da tranquilidade que o arquétipo de jardins consagram.....

Ontem, podei muito a planta, no espaço restante coloquei bromélias (planta da moda)....

Depois, vendo os galhos dos gerânios no chão, comecei a refletir...

Afinal, por que uma planta deve ser podada? Por que é feio estar com muitos galhos, em várias direções? Por que notamos a beleza de uma bromélia, mas não de um gerânio? Ditadura do paisagismo? Ou será que é porque nossos valores civilizados dizem que o belo é o que deve ser cortado, podado, que o natural e espontâneo é sem graça......?

Nosso senso estético, acha belo o que pode ser cortado como os Pingos-de-ouro e os mini-pinheiros de jardins, que jamais alcançam a altura natural.....

Lindos são os Bonzais, plantas gigantes, reduzidas à esdrúxulos vasinhos..Têm as raízes e folhas cortadas, possuem frutos e flores pequeninos porque se condicionaram a serem reduzidas ou não sobreviveriam.....

Assim também é a nossa espécie, acostumada às podas desde a infância, crescendo sem poder prolongar raízes e ramos, pois tudo tem que estar sob controle, inclusive nosso senso estético...

Poucos podem apreciar a beleza de um robusto carvalho na Alemanha, com sua força, abrindo espaço na floresta, alimentando vários animais e insetos, servindo de moradia inclusive para humanos....Um carvalho não está sob nosso governo, nosso desejo de controle...

Não gostamos realmente da natureza, mas do poder que pensamos exercer sobre ela. Aprendemos, desde o berço, a arte do controle excessivo..

Criamos a moda, as regras do belo, para sermos uniformizados...Porém, poderíamos andar em grupo mantendo parte de nossa espontanedade..

Por fim, nos tornamos reduzidos, pássaros com pontas das asas quebradas...dentro de nosso confinamento que se chama lar.... ou então de nossas próprias psiquês, que ainda lutam para se religarem ao cosmos unico..

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