domingo, 19 de julho de 2009
98
Não sei por que, mas nessa tarde tive a lembrança de minha avó por parte de mãe, Henriquieta...
Ela era do Maranhão, uma mulher negra e tão forte que faleceu aos 105 anos porque o coração parou, permanecendo extremamente lúcida até o final..
Eu invejo a força física e emocional dos negros puros. Passaram de reis à escravos na antiguidade, sobreviveram aos imundos navios negreiros, ao preconceito, sem eira-nem-beira, após a sonhada liberdade outorgada..Choraram em silêncio e ainda apresentaram o Blues ao mundo e ninguém nunca tocou como eles..
Henriquieta era geniosa, não aceitava ser contradita. Casou-se com um imigrante italiano (falecido aos 50 anos de nome "Vitório Scavassani" e criou, acredito, que doze filhos, sendo que a metade deles já tinha morrido há tempos quando ela fechou seus olhos pela última vez..
Eu gostava dela embora não tivemos muito tempo para conviver e dai fico pensando se teria a mesma força para chegar a mais de 100 anos.
Na verdade, eu não consigo interpretar a vida como anos e sim como episódios...As vezes temos a impressão que já vivemos muito, que sabemos quase tudo e já até profetizamos o nosso final, não importando se estivermos errados..
De qualquer forma, antes de morrer, ainda preciso conhecer a Itália, o Egito e a Alemanha e de repente isso só irá acontecer lá pelos meus 98 anos...Doravante, talvez meus desejos, ainda não realizados, me impulsionem a querer viver mais, depois que as responsabilidades sociais, como a de criar e conduzir filhos, já não forem tão importantes. De qualquer forma, numa coisa espero ter mais sorte que Henriquieta, espero cumprir meus desejos e partir bem antes de qualquer filho meu ou de pessoas que eu, egoísticamente, queira sempre por perto..
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